Mãe, por que não me deixaste a vida inteira Colando o umbigo, de castigo na soleira Roendo unha e falando palavrão Mãe, eu tava me esfregando com urtiga Esmagando crânios de formiga Com pau de sorvete esburaquei o chão Ii Mãe, por que não me deixaste a vida inteira Esperando a hora da senhora vir da feira Pra mandar o medo ir lamber sabão Ô mãe, eu acho que engoli um parafuso O mundo todo anda tão confuso Eu queria tanto a tua mão Iii Mãe, vê se me desculpa a choradeira Mas é que foi no melhor da brincadeira Que a senhora me mandou crescer Mãe, hoje já não deixo o nariz sujo Já não coleciono caramujo Mas ainda preciso de você Iv Mãe, por que ficaste assim a vida inteira Cuidando pra que eu não batesse a moleira Se era pra apanhar da vida, então Mãe, por que a gente ainda se utiliza De limpar os sonhos das mangas da camisa De cortar os pés nos cacos de ilusão V Mãe, mandaste que eu não tomasse gelado Me ensinaste a não ser mal educada Me levaste à escola pela mão Ô mãe, cuidaste bem da minha catapora Hoje sou uma menina, e agora Posso seguir o meu coração...