Eu nasci no meio do mato, sobre a relva do meu sertão, onde o sol esquenta o riacho, sertaneja por tradição. De manhã eu via meu pai, com enxada e machado na mão, minha mãe murmurando seus áis, meus irmãos brincando no chão. Minha casa era de madeira, o seu teto era de sapé. Aos domingos rezava na igreja, oh! meu Deus! como eu tinha fé.
Meu cavalo preto azulado, galopava e cortava estradão, na envernada mugia meu gado, a caminho do ribeirão. E no terreiro a sanfona chorava, abraçada com um peão e meu povo contente dançava: rasqueado, xote e vanerão. Minha vida era sossegada, céu bonito, noites de luar... Entre sons de berrante e boiada nem senti minha infância passar.
Mas chegaram os meus vinte anos e com eles a ambição, partir em busca de sonhos conheci a desilusão. Hoje vivo em outra floresta, de cimento e poluição. Acabou a vida modesta de uma filha do sertão. De manhã já vejo meu pai, meus irmãos só lamentam o que fiz. Esta dor do meu peito não sai, oh! meu Deus! como eu era feliz.
Compositor: Leila da Silva (Leila Moreira) ECAD: Obra #2232331 Fonograma #12862722