Eu estava faminto, supondo a fúria que havia em mim. De misericórdia dos pobres vivi sem fim Que os crédulos caiam sobre as águas Sobrevoem os oceanos e suas magoas O doce de uma flauta O arpejo glorioso de uma harpa Não consigo interromper minhas mentiras mal contadas Privilegio de quem nem mais se importa Praguejo canções de mau-dizer pela sua porta De coração dissimulado me sinto amuado De pavor simulado eu fui machucado Com minhas mãos no céu E joelhos no véu Prezado senhor da nova ordem Perdoe o meu pesar que já esta pesado Excomungando por vontade própria, massacrado Vingais aqueles que estão indefesos Migrados da terra de ninguém Minados campos da imaginação de alguém Forjados e estupros de suas almas Milagreiro da virgem das calmas Mensageiro da invocação de Deus Ou qualquer vulgo a nos atribuído De bom grado nunca fui concebido Saqueadores da sabedoria de passagem Interpreto a margura da personagem Viajante dos elos esquartejados Morungado da pesca do barqueiro Avante arrasadores do navio negreiro Que o banzo não penetre nos seus poros de Dendê Fruto dos injustos, usuras de sapê Catadores de poesias de cordel Se misturam as noticias de Isabel Suadas de Razão desarranjadas Dizimadas das canções Do vilarejo Catástrofe dos anjos sem arpejo Sacristia marombeira de um desejo Gotejando as burrices de meus pais Fracionada as atenções na encruzilhada Santuário me perseguindo na madrugada Destemido senhor do seu destino Não abandonou as frustrações de menino Fingidor das personagens desumas Morador do paraíso não desengana Proibidor sem gênio e censura Traidor de Gabriel Que nem sempre e fiel Harpeiro honorário de Miguel Cantador da voz de Ezequiel Letreiro das cartas enviadas Ao céu Corre foje com Manuel Brigadeiro, brigador que se cansou Flagelo e exemplo vivado Desmentira as palavras que dissera Fragmentadara e mostrara que era possível De sinfonias e trejeito impossível A perfeição se consagra um defeito Como as tantas medalhas no peito Meritocrata consumado não tem mais jeito Bruttus o abandonara no final Primavera e verão eternizados Dia-a-dia só se ouviu o bem e o mal