Velho cusco do meu pago, melhor amigo do homem Raras vezes ganha um nome, se não é cusco não mais Cresce tão longe dos pais no mais cruel abandono Fiel guardião do seu dono, o mestre dos animais
Eu te admiro cusco por ver neste teu latido Um grito assim parecido de um peão parando o rodeio No teu uivo o anseio de alguém que a saudade aperta Rondando a noite deserta, cuidando tareco alheio
Tu vales numa tropeada por peão e meio talvez Dois cuscos valem por três peões bem forte a cavalo Sem cansaço e sem abalo viaja de pelo a pelo És um firme sinuelo desde as cantigas do galo
No grito, vamos embora, és o primeiro da frente Pulando, acuando contente como quem vai pra uma festa Se teu dono enruga a testa e grita, pega esse touro Tu saltas mordendo o couro do bicho que desembesta
Por isso quando te vejo passando pela calçada Numa carcaça acabada de cusco velho sem trato Me vem na mente o retrato de muitos ex-grandes homens Que estão nas garras da fome neste mundo tão ingrato
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Osvaldo Franco (Dino Franco) (ABRAMUS)ECAD verificado obra #36864995 em 05/Abr/2024 com dados da UBEM