Lobão
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Samba da Caixa Preta

Lobão


Minha alma chora, vejo o Rio de Janeiro
Rio do desterro, samba, funk, telecoteco e James Brown
Vejo a anatomia de um abraço numa lápide indefesa
Cristo Rendido, paixão, telenovela e carnaval
Aqui o narciso é carioca, não morre afogado, mergulha, dá um jeito
Se transforma em peixe ornamental
E o Rio se devora e se repele numa fantasia triste
Em ser um capacho alegre, sempre da maneira mais atual
Esse é o samba da caixa preta
Salve o samba, nós temos samba
Esse é o arremedo de suíngue, balanço, funk, telecoteco?
Esse é o aconchego indulgente das águas de março fechando o verão.
Fechando o verão?
Esse é o narciso se achando esperto por não dar bandeira de afogado
Se afoga narciso, pelo menos isso
Se afoga narciso, compromisso é compromisso
Se afoga narciso, avec elegance, esperteza tem hora
Se afoga narciso
Sobe o morro, desce o asfalto
Bala perdida, mãos ao alto!
Não sei se corro
Não sei se calo
É a Rocinha, é o Cantagalo
Não tem sujeira, é o verão
Sem promessa de vida pra qualquer coração
É a polícia, é o emergente da Barra
É a Tijuca, é a Guanabara
Rio, me abraça com todos os teus restos
Que eu sou tua cria, subproduto do subproduto
Rio, me abraça com a tua decadência que eu te chamo de Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa precariedade na permanência
Maravilhosa!!!!

Compositor: Joao Luiz Woerdenbag Filho (Lobao)
ECAD: Obra #63905 Fonograma #28787

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