Meu peito tem um rincão Que é de alma e de campo aberto Tem um tarumã por perto Sombreando a calma por onde vivo É um horizonte largo Pra qualquer vista que se estender Pois aprendeu a renascer Sempre que a vida lhe dá um motivo
Às vezes no fim do dia Depois que o mate seca a cambona A saudade redomona Busca um achego nos olhos meus E eu olho tudo na volta Pra me dar conta logo em seguida Que tudo isto é a vida Que há muito tempo peço pra Deus
Qualquer cruzada na estrada Se avista longe rancho e galpão E por certo um redomão Pastando à tarde sem nem notar E um bando de garças brancas Plantando a alma e sua essência Este rincão é a querência Pra quem é amigo desencilhar
Esse rincão tem fronteiras Que nem eu mesmo sei onde vão Tem um rancho-coração Que guarda todo o meu sentimento Às vezes desaba a quincha Perdendo a força que a vida cobra Igual ao capim que dobra Sempre pra o lado que sopra o vento
Depois das chuvas de outono Verdeja sempre a mostrar o viço Talvez bem seja por isso Que a enchente leve por diante a sanga Tem por dentro ensimesmado Todas as mágoas e seus amores E se nele nascem flores Crescem os espinhos das japecangas
Esse lugar em que falo É um campo largo pra quem se achega Nem sei dizer se ele chega A ser todo meu se a saudade aperta Tem sempre alguém esperando Com boas vindas e cuia na mão Meu peito tem um rincão E um coração com a porteira aberta!
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #1187607 Fonograma #666679