Pegaram Adão Formiga “inda” com a faca na mão com o vermelho da sangria escorrendo pelo chão. Na bombacha remendada limpava a faca de um lado como querendo esconder o intento de ser culpado...
Quem diria Adão Formiga vizinho de uns trinta anos carneando um capão alheio... Talvez fosse por engano Mais a marca no pelego de tinta, mostrava o dono e a noite apontava a pressa pra um galho de cinamomo.
Toda a semana na estância vai pra consumo um capão escolhido por bem gordo nos mandados do patrão. Pois quem produz sabe bem Quanto lhe custa o serviço de cuidado e produção pra alguém depois dar sumiço.
Porque não pediu uma changa pois trabalhar não é feio resolveu por conta justa apossar-se do alheio. Quem sabe nas “precisão” pedisse uns “pila” emprestado mas esperou mais a noite pra cruzar pelo alambrado.
Um sorro a sombra da noite uma faca de bom corte um carancho num cordeiro inverno com geada forte. Cada qual no seu destino no ciclo anormal do homem uns matam só por famintos uns pra matarem a fome
E agora Adão Formiga tem fama na redondeza todos sabem de onde é a carne que as vezes bota na mesa Pois quem carneia um capão pra “mata” a fome do filho mata quatro, cinco ou seis depois não sai deste trilho
Compositores: Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira), Cristian Duarte Camargo (Cristian Camargo) ECAD: Obra #2988786 Fonograma #1458732