Ela se encantou de um subalterno rapaz E perplexa fustigou seus anseios, mas notou Que era inevitável o despertar do amor Ela se entregou tão obscena e voraz Sua mãe desaprovou, contra ela bravejou Mas ela obstinada insistiu, teimou
E seguiu assim, entregue aos prazeres da paixão Amava às escondidas, longe de reprovação Escancarada e nua ao amor que confiou Ela se achou gestante e entrou num estupor
Depois da volúpia, a consternação De se sentir maldita entre as mulheres Cheia de desgraça e de desamor Abandonada num tenebroso desamor Lágrimas caem da face dela Por ter que expulsar das suas entranhas O indesejado e maldito fruto Qual gerado e concebido pelo espírito profano
A partir de agora, num momento distante Ela vai ficar com a triste lembrança De um momento que nunca se completou A lembrança vem do interior do seu ventre Que ela incauta fecundou depois de amiúde amar E mal aventurada o gérmen malogrou
Doravante, então, depois dessa difícil decisão Depois de todo pranto, de partido o coração Estancado o seu sangue que a virilha derramou Ela vai seguindo a vida como lhe restou
Depois do alívio, a insegurança No olhar o peso da cruz da desconfiança Mesmo sorrindo ela se incrimina Se auto condena, mas se domina Mesmo que o amor ainda seja intenso Um sentimento inverso de extrema repulsa Brota em sua busca pelo perdão Roga por ela em sua própria intercessão