Vivendo a dor da paixão De um romance desfeito Selei a mula na baia Fui curar o meu despeito Saí num passo ligeiro Num troteado sem defeito Morena dos olhos claros Desprezo eu não aceito Hoje risco o seu nome Do caderno do meu peito
Cheguei à vila à noitinha Segui meu cotidiano Passei na venda do Dito Tomei um trago mediano Decorei bem as palavras Pra não errar nos meus planos Falei para os companheiros Sou sujeito de tutano Hoje derrubo a praça Chega de viver no engano
Ajeitei o meu chapéu Dei um arrocho na cinta Pedi outra talagada O Dito raiou na pinta Seu assunto é de valia E com moça bem distinta Se for de cabeça cheia Pode ser que a mente finta E o delegado não gosta De arruaça é bom no trinta
Pensei bem, pedi mais uma Expliquei a situação Sou valente, mas tombei Nas garras da solidão Bem que aquela ingrata Podia por compaixão No salto do seu sapato Colocar por precaução Veludo para pisar Macio no meu coração
Não sei bem o que se deu Acordei desarrumado Deitado aos pés da mula Vendo o mundo virado Já era pra lá das dez De um domingo ensolarado Vi na igreja da matriz Um movimento animado Até a mula chorou Era o enlace da morena Com o doutor delegado