Me dá um nó na cabeça Não sei se ponho, ou tiro meus pés do chão Não reconheço o caminho Às vezes penso que estou na mesma direção Mas vejo meu amigo, estou só na contra-mão
Diversidades, impacto de uma cidade
Um rapaz sarado Agachado ao pé do viaduto do Anhangabaú Numa bica, onde outra lavava roupa outro dia E esse faz a barba se olhando num espelho laranja De um camelô, de um camelô Numa ilha, perdida na vinte e três Três muleques cheirando cola Por debaixo de uma velha camiseta suja de escola Descola o olhar, um retrato De uma vitrine transparente, transparente
Mulambos pelas ruas, Caras pálidas, ombros caídos colhendo vagas no chão Não, não tenho nada, não vejo nada, não sonho nada, nada nos separa não
Diversidades, impacto de uma cidade
O que são, o que desejam ser?
Verdadeiros tumultos, grandes concentrações Nos porões, no paredão, da pobreza Nas noites escuras das ruas Das favelas tomadas por facções, Nas salas de exposições ou big-brother’s Que alcançam “os bons” Tv-paga, programações Sons que não se ouvem Vip’s, fantasias de cartões, exclusividade Pergunte: onde está o verdadeiro líder? Paranóia de uma babilônia Somos tolos heróis urbanos (humanos) Confortável, não é o espelho da vida A violência não fica só no cinema não