Amigo Estou chegando agora, venho do interior Não repare em minhas roupas, os remendos A poeira dos cabelos, meu suor É que a vida lá da roça Não que eu diga que não possa Mas está muito dificil de aguentar É que um tal de intermediário Sem ter jeito de operarário Vem colhendo muito mais em meu lugar
Vem a seca, vem enchente Vem insetos, mas com tudo isso a gente Ainda podia trabalhar Se não fosse esse moço Que nos pega com a corda no pescoço E ainda acha de apertar
Amigo Me ensine algum carinho aonde procurar Não repare esse meu jeito de caipira Só preciso achar alguém pra me escutar Se eu falar um pouco errado Não se faça de acanhado Diga logo onde devo corrigir Me disseram lá no campo Que aqui se colhe tanto Vim plantar minha semente por aqui
Vem a seca, vem enchente Vem insetos, mas com tudo isso a gente Ainda podia trabalhar Se não fosse esse moço Que nos pega com a corda no pescoço E ainda acha de apertar
Amigo Esqueça o que lhe digo foi tudo em vão Foi apenas o lamento de um roceiro Que plantou bem mais do que colheu o pão Não censuro a natureza, pois é sábia Com certeza E oferece o que nos pode oferecer Só condeno esses senhores Meros atravessadores Que utilizam minha vida pra viver.
Compositor: Joao Miguel Marques de Medeiros (Joel Marques) ECAD: Obra #49989