O vento que choraminga Essa calma de neblina É o mesmo que faz retoço E maçaroca nas crinas. Que venta contra arame Sonando coplas campeiras Dessas que abrem caminhos Contra o fechar das porteiras.
Descansam botas e arreios E as esporas gavionas Pelegos retovam bancos Se aquerenciam cambonas. Mouros de lombos lavados Rebolcam junto ao potreiro E a tarde morre tão quieta Soprando um vento noiteiro.
A noite adormece cedo No feitiço dos fogões Que acenderam luzeiros No interior dos galpões. Onde o vento força a quincha Querendo roubar-me o sono E entoa seu Sarandeio Na copa dos cinamomos.
Chega tapeando o chapéu Nos claros da madrugada Secando o chão da mangueira E o lombo da cavalhada. Contraponteando juncais Se vai quebrando quietudes Trazendo bordões suaves Das maretas do açude.
Com seus acenos de longe Os galhos de um tarumã (Reiúno, rei da invernada) Vai repontando a manhã. Parece que traz segredos Nessa inquietude que ventas. Pode mandar teus desmandos Que o Barbicancho sustenta!
Compositores: Mauro Sergio Montenegro Moraes (Mauro Moraes), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #2105391 Fonograma #870946