Numa volta de tropa me vou “despacio” e satisfeito Nem sei direito porque me veio esta lembrança Ando de poncho emalado cuidando uma manga d´água “Carregadita” de mágoas com cismas de chuva mansa
Cuido a querência a légua e pico e me sobra estrada De alma pesada depois de dias, que ando voltando Deito um arame porque conheço cada fronteira Sei que a porteira fica mais longe de onde ando
Ouço o cincerro da égua madrinha Que de soslaio trazendo baios Chega pra perto do meu gateado Quem me conhece bem não troca orelha comigo - Tem um amigo pra quando a dor lhe fizer costado!
Sou desse jeito e o meu gateado já me conhece E não se esquece o que o campo já lhe ensinou Ando faz tempo na vida, na estrada nem sei quando Ando assim procurando sem saber pra onde vou
Penso comigo escutando a voz mansa do cincerro: - Sabe parceiro até parece que o mundo pára Quando o campo bebe a tarde numa ponta de garoa E minha alma longe voa num gateado malacara
Me vou ao passo e me cai a chuva sobre o chapéu Desaba o céu mas o meu poncho não emponcha nada Pinga nas abas, sobre as clinas do meu gateado Sigo molhado mas volto às casas de alma lavada.
Compositores: Mauro Sergio Montenegro Moraes (Mauro Moraes), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #30935981 Fonograma #870928