Em mil novecentos e cinquenta e três As cinco da tarde de um dia qualquer Deixei minha terra em busca de um sonho Mas não por despeito de alguma mulher A minha mãezinha me deu um abraço Senti que o pranto turvava-me a vista Adeus meu menino Jesus é teu guia Que sejas um dia um grande artista
E a jardineira partiu me levando Em busca daquilo que sempre sonhei Na ânsia incontida de ser um artista As coisas mais lindas da vida deixei Talvez eu não tenha chegado ao alto Mas creio que pude cumprir grande parte Se acaso me falta maior audiência A sobrevivência já é uma arte
Feliz de quem tem a mãezinha a seu lado A Deus agradeça e dê muito valor Porque essa falta da mãe é tão grande Nos enche o peito e alma de dor E eu por exemplo vivendo distante Chorei muitas vezes pois vinham falar Que ouvindo os programas que eu participava Mamãe soluçava me ouvindo cantar
Passaram-se os anos mamãe despediu-se Porque já havia cumprido a missão Partiu desta terra no mês de setembro Levando consigo o meu coração Prossigo cantando pois ela gostava Embora eu sinta infelicidade A doce presença de Deus acalenta A bruma cinzenta de minha saudade