Correu notícia de um gaúcho, Lá na estância do paredão Tinha um cavalo, tordilho negro Foi mal domado e ficou redomão Esse gaúcho dono do pingo, Desafiava qualquer peão Dava o tordilho negro de presente Pra quem montasse sem cair no chão Eu fui criado na lida de campo Não acredito em assombração Fui na estância topa o desafio Correu boato na população.
Era um domingo, clareava o dia Puxei o pingo e o povo reuniu Botei os trastes no lombo do taura Murchou a orelha, tive um arrepio Botei a ponta da bota no estribo Algum gaiato por perto sorriu Ainda disseram comigo era oito Que boleou a perna montou e caiu Saltei no lombo e gritei pra o povo Este será o último desafio Tordilho negro berrava na espora Por vinte horas ninguém mais nos viu.
Mais de uma légua o pingo corcoveou Manchou de sangue a espora prateada Anoiteceu e o povo pelo campo Procurava o morto pela invernada Compraram velas fizeram caixão A minha alma estava encomendada A meia-noite mais de mil pessoas Deixaram da busca descorçoadas Dali a pouco ouviram um tropel Olharam campo noite enluarada Eu vinha vindo no Tordilho Negro Feliz, saboreando uma marcha troteada
Bolhei a perna na frente do povo Deixei a rédea arrastar no capim Banhado em suor o tordilho negro Ficou pastando ao redor de mim Tinha uma prenda no meio do povo Muito gaúcha eu falei assim Venha provar a marcha do Tordilho Faça o favor monte no silim Andou no pingo mias de meia hora Trouxe uma rosa lá do seu jardim Levei pra casa meu tordilho negro É mais uma história que chega no fim.
By Andressa Rodrigues
Compositor: Vitor Mateus Teixeira (Teixeirinha) ECAD: Obra #27090 Fonograma #12058208