Weezer - Everything Will Be Alright In The End
Excetuando-se uns poucos exemplos tipo AC/DC ou Ramones, é seguro dizer que praticamente todas as banda que têm (ou tiveram) uma carreira longa, em algum momento decidiram arriscar uma guinada musical. Muitas quebraram a cara, outras não, ainda assim, os fãs já sabem que em algum momento irão se deparar com um disco de "volta às origens".
O que não é muito comum é ver um artista assumindo que "pisou na bola", não em uma entrevista, mas no single escolhido para ser o carro chefe de seu novo álbum. Pois foi isso que Rivers Cuomo fez em "Back To The Shack".
A faixa, uma das melhores desse nono álbum do Weezer, não é só um exercício de ironia como um raro caso em que vemos um artista "pedir perdão" para os seus velhos fãs.
A canção tem razão de ser, afinal os últimos discos da banda, apesar de um ou outro momento luminoso, deixaram mesmo a desejar e o grupo percebeu que estava perdendo muitos de seus fãs que sempre foram bastante fiéis - basta lembrar do antigo admirador que disse que estava tentando levantar U$10 milhões para que eles nunca mais lançassem um álbum novo.
Cuomo - o vocalista e compositor da banda - certamente entendeu o recado e decidiu que era a hora de fazer um disco que reconectasse a banda com esse público. Para isso, Ric Ocasek, o produtor do clássico "disco azul" de 1994 foi chamado e Cuomo tratou de escrever algumas de suas melhores canções.
O resultado dessa "volta ás origens" é "Everything Will Be Alright In The End", um disco que deverá agradar não só os fãs, com também os tais "ex-fãs" - e também quem não os conhece. O trabalho traz o que se espera de um bom disco da banda: humor, riffs pegajosos, grandes melodias e a mistura das mais diversas referências - que variam desde o pop clássico dos Beach Boys até o hard rock dos anos 70 e 80.
Ouça "Back To The Shack" com o Weezer, do álbum "Everything Will Be Alright..."
Stevie Nicks - 24 Karat Gold
Esse disco nasceu de uma forma um tanto inusitada. Tudo começou quando um dos assistentes Stevie Nicks a avisou de que uma enorme quantidade de demos gravadas por ela desde os anos 70 estavam circulando pela internet e se ela não pensava em fazer algo a respeito.
O mais estranho é que, segundo ela, boa parte desse material foi simplesmente roubado de sua casa. Obviamente a cantora notou que havia muito material de primeira que ela simplesmente havia deixado de fora tanto de seus discos solo quanto dos álbuns do Fleetwood Mac.
Ao invés de simplesmente lançar as demos de forma oficial, Nicks preferiu voltar a esse material e gravá-lo novamente com o ex-Eurythmics Dave Stewart assumindo a função de produtor. A opção dela mostrou-se acertada, já que o disco soa como uma versão para o século 21 da Stevie Nicks que tantos aprenderam a amar desde os anos 70.
O lançamento também se mostra oportuno. Afinal depois de anos sendo tratados com certo desdém pela crítica e público mais antenado, atualmente o som do Fleetwood Mac está em alta (vide os trabalhos de HAIM ou Jenny Lewis ou sua elogiada participação no documentário Sound City de Dave Grohl).
Como um novo disco da banda não deverá sair tão cedo, esse álbum de Nicks certamente irá saciar o apetite dos fãs, sejam eles novos ou antigos.
Ouça "Lady" com Stevie Nicks presente no álbum "24 Karat Gold"
Johnny Marr - Playland
O eterno ex-guitarrista dos Smiths pode ter demorado para lançar-se finalmente como artista solo, mas pelo visto ele agora quer correr atrás do tempo perdido. Afinal este é o seu segundo disco em dois anos. Isso fez os fãs se perguntarem se ele não estaria novamente entrando no ritmo frenético de sua ex-banda que lançou quatro álbuns e 18 singles em cerca de quatro anos.
Dessa forma, "Playland" soa como uma continuação natural de seu primeiro álbum, o simpático e elogiado "The Messenger"
O que mais chama a atenção é ver como o guitarrista se esforça para que seu trabalho não lembre o dos Smiths, o que chega a ser engraçado, já que, no meio de tantos imitadores, ninguém mais do que ele teria esse direito.
Divulgação
Marr curiosamente se mostra bem mais influenciado pelo rock inglês surgido imediatamente antes de sua antiga banda revolucionar o rock independente do país.O disco deixa claro a sua paixão por bandas como Wire, Magazine e os Psychedelic Furs em canções simples, melódicas, diretas e, em alguns casos, bastante dançantes.
O maior problema para os admiradores mais antigos talvez esteja no seu atual estilo de tocar guitarra. O músico agora prefere tocar riffs e acordes cheios ao invés dos dedilhados e arpejos que fizeram dele um dos grandes guitarristas dos últimos 30 anos.
Mas no final esse é só um detalhe, já que Marr aqui mostra enorme vigor e rejuvenescimento nessa sua nova fase como front man. Aos fãs só resta torcer para que ele siga lançando álbuns como esse por anos e anos.
Ouça "Easy Money" com Johnny Marr presente no álbum "Playland"