AC/DC - Rock Or Bust
O fato desse disco ter saído deve servir como prova de que o AC/DC é mesmo indestrutível. Afinal ninguém achou que seria possível que a banda pudesse continuar sem seu principal compositor e líder absoluto, o guitarrista Malcolm Young.
Malcolm, seriamente doente, teve que abandonar a banda. Sofrendo com demência, as informações sobre seu real estado de saúde são poucas, mas sabe-se que ele está recebendo tratamento em uma casa de repouso.
Apesar do cenário triste e nada animador, o guitarrista, e irmão de Malcolm, Angus Young decidiu seguir em frente. Para o lugar de Malcolm foi chamado Stevie Young, sobrinho da dupla de guitarristas, que já havia substituído o tio em uma turnê no final dos anos 80.
Dito isso, a presença de Malcolm ainda é forte em "Rock Or Bust", o primeiro disco do grupo em seis anos. Todas as canções são creditadas a ele e Angus, ainda que não se saiba exatamente qual foi o grau de envolvimento dele nessas composições que, segundo Angus, nasceram a partir de trechos de canções e riffs criados nos últimos anos.
De resto, o que temos aqui é um típico disco do AC/DC. Curto e grosso - 11 faixas em 35 minutos, ele também é um dos melhores lançados por eles desde o auge nos anos 70/início dos 80.
"Rock or Bust" traz as tradicionais letras sacanas, os refrãos poderosos para cantar junto e os riffs ultra básicos que tanto fazem a alegria dos fãs. A se notar também uma influência bem maior do Led Zeppelin em certas faixas - vide "Got Some Rock & Roll Thunder".
Chama a atenção também ver como a voz de Brian Johnson anda mais grave e rouca do que o normal. O fato é que em seu primeiro teste de fogo, o AC/DC passou com louvor. Agora é ver como eles se sairão na outra tarefa: as apresentações ao vivo. É quase certo que eles cairão na estrada no ano que vem para mais uma série de shows em estádios e festivais.
Também pelo andar da carruagem, eles terão que conseguir um novo baterista, já que Phil Rudd anda pra lá de encrencado com a justiça e seu futuro no grupo é pra lá de incerto. Mas, a mensagem que o AC/DC passa aqui é a de que nada pode pará-los - ao menos enquanto ao menos um irmão Young puder estar no controle. E, pelo visto, assim será.
Ouça "Play Ball" com o AC/DC presente no álbum "Rock Or Bust"
John Grant - John Grant and The BBC Philharmonic Orchestra
Um dos artistas mais talentosos a surgir na música nos últimos 15 anos, o americano John Grant começo sua carreira ainda nos anos 90 quando fazia parte do The Czars. Mas foi mesmo com seu primeiro disco solo "Queen Of Denmark" em 2010 que ele chamou a atenção da critica e do público mais antenado.
Um dos discos mais belos dos últimos tempos, ele é daqueles trabalhos pelo qual é difícil não se apaixonar. Tanto que ele deverá ser lembrado como um dos melhores álbuns da década, graças às suas melodias fortes, os ótimos arranjos e à bela voz de barítono do cantor.
Desde então, Grant lançou o igualmente bom, "Pale Green Ghosts" com suas incursões pela música eletrônica no ano passado e, esse o lado ruim da história, descobriu-se HIV Positivo - ele deu a notícia em pleno palco, para estupefação da audiência.
Se você ainda não travou conhecimento com a obra de Grant, esse disco é uma ótima porta de entrada. Gravado ao vivo com a Filarmônica da BBC, ele traz faixas de seus dois álbuns de estúdio e uma nova versão de "Drug", da época dos Czars - que aliás também estão sendo relembrados esse mês com uma coletânea bem completa.
Ouça "Marz" presente em "John Grant and The BBC Philharmonic Orchestra"
Pixies - Doolittle 25
Lançado em abril de 1989, Doolittle pode ser considerado tanto um dos últimos discos dos anos 80, como o primeiro da década de 90. Isso por ue boa parte do rock feito naquela época, e além acabou se beneficiando, direta ou indiretamente desse álbum - e dos dois trabalhos anteriores do quarteto americano.
Para quem tem alguma dúvida, é sempre bom lembrar que Kurt Cobain disse que "Smells Like Teen Spirit" nada mais era que a tentativa do Nirvana de copiar a dinâmica "alto-calmo-alto" típica dos Pixies.
Essa edição de luxo do álbum está sendo lançada para marcar os 25 anos de seu lançamento e tem três CDs. O primeiro traz o álbum original, que continua brilhante mesmo depois de todos esses anos e depois de ter sido muito imitado. Já segundo disco junta os lados B dos compactos da época e as duas sessões que o grupo fez para o programa de John Peel na BBC.
Finalmente, o terceiro disco é o mais precioso para os fãs de carteirinha - e o mais dispensável para o ouvinte casual. Ele traz 22 demos originais gravadas para o trabalho e permitem conhecer o método de trabalho da banda e como eram originalmente algumas das canções que se tornariam clássicas quando gravadas meses depois de forma profissional com o auxílio fundamental do produtor Gil Norton.
Essa nova edição acaba se mostrando imprescindível. Para quem nunca ouviu o disco, ou só o conhece por alto, e curte o indie rock e o rock alternativo, ele funciona como uma espécie de aula de história uma aula bastante intensa e divertida, diga-se. Para quem já ouviu o disco até furar, o pacote vale principalmente pelas demos - já que as Peel Sessions e os B-sides já haviam sido coletadas anteriormente - afinal elas permitem ouvir todas as canções do disco de uma nova maneira.
Essas versões também são indicadas para quem tem uma banda e quer entender como um produtor e as técnicas de estúdio podem melhorar, e muito, o material original.
Ouça "Monkey Gone To Heaven" com os Pixies, presente no álbum "Doolittle 25"