Com essa terceira parte encerramos o especial com a discografia comentada dos Rolling Stones. Os álbuns lançados por ele a partir da década de 80 são no geral irregulares, ainda que a partir de 1989 eles comecem a melhorar de qualidade. Antes disso, temos ao menos um disco que pode ser considerado clássico, ou algo próximo disso, "Tattoo You" que tem "Start Me Up", que chegou no segundo lugar da parada americana, resultado que eles nunca mais conseguiram repetir.
Emotional Rescue - 1980
Se os Stones entraram e saíram da década de 70 com álbuns de alto nível, a coisa não foi a mesma nos anos 80. "Emotional Rescue" é certamente um dos discos menos memoráveis lançados pela banda.
Isso não significa que ele seja de todo desprezível, mas há lago de estranho um disco deles onde as melhores faixas são as músicas mais dançantes (como "Dance (pt. 1)" ou a faixa-título) ou as baladas - "Indian Girl" e "All About You", essa com os vocais de Keith Richards), Entre os rocks o destaque vai para o divertido single "She's So Cold".
Tattoo You - 1981
Depois da decepção de "Emotional Rescue", "Tattoo You", foi visto como um retorno da banda. E é mesmo. Dividido em um lado roqueiro e outro mais lento, esse é o melhor álbum lançado por eles desde então.
Cada uma das metades traz um clássico incontestável. Na primeira, temos "Start Me Up" o último single deles a fazer realmente sucesso e entrar no consciente coletivo do público - tanto que ela é a música mais "recente" entre as que a banda em hipótese alguma deixa de tocar em seus concertos. O lado B é ainda melhor e tem "Waiting On A Friend".
Dessa forma é fácil pensar que a banda estava com sua inspiração renovada e que o futuro tinha tudo para ser brilhante. Infelizmente não era o caso. Como soube-se posteriormente, "Tattoo You" foi basicamente criado a partir de sobras e trechos de canções que o grupo havia acumulado no passado e que foram terminadas em sua maior parte por Jagger, muitas vezes sem a presença dos outros integrantes da banda no estúdio. "Waiting On A Friend", por exemplo, começou a ser gravada em 1972 e tem a guitarra Mick Taylor - que processou, com sucesso, a banda, exigindo também receber pelas vendas do álbum).
O vocalista explicou que eles haviam decidido sair em turnê e queriam ter um novo disco atrelado ao giro. Como não havia tempo para compor (e ele e Richards não estavam nos melhores termos) a ideia de reciclar material antigo foi a única solução.
A turnê de 1981 e 1982 foi um enorme sucesso e, desde então, ficou cada vez mais difícil vê-los tocar fora de grandes estádios - aliás de durante o restante da década ficou impossível vê-los tocando onde quer que fosse, como veremos a seguir.
Undercover - 1983
Outro que costuma ser lembrado como pior disco da banda, "Undercover" obviamente não é nenhuma maravilha, e marca o momento em que Jagger e Richards começam a entrar em guerra pra valer.
Tudo porque o vocalista assinou contrato também para fazer discos solo, o que o guitarrista considerou uma traição para com ele e a banda.
Ainda assim, "Undercover" não é de todo mal. A faixa título é uma das melhores faixas "pós-anos 80" deles e o clipe é melhor ainda.
"She Was Hot" - uma resposta a "She's So Cold"? - é divertida e a dançante "Too Much Blood" também funciona - se você ignorar a letra "forte" com Jagger declamando a história do cara que esquartejou a namorada e guardou os pedaços na geladeira para ir comendo aos poucos. Ah sim, o clipe com Richards e uma serra elétrica também merece ser visto.
O resto é meio qualquer nota, com mais uma série de rocks genéricos e canções com influência de funk ou reggae que também não empolgam. Mas eles ainda precisariam decair mais um pouquinho antes de se levantarem.
Dirty Work - 1986
Nunca os Stones estiveram tão perto do fim quanto no meio dos anos 80. Como já dissemos, Richards nunca engoliu o fato de Jagger ter saído em carreira solo - e se deliciou quando o álbum do vocalista - o de fato pouco inspirado "She's The Boss" - não emplacou.
Para piorar a situação, o sempre calmo baterista Charlie Watts, que sempre deu a impressão de ser um poço de sanidade no meio de toda a loucura que cerca a banda - se viu viciado em heroína. Igualmente triste foi a morte de Ian Stewart.
Ele foi o pianista que foi obrigado a deixar a banda que ajudou a fundar, por ser feio demais, mas que ainda assim manteve-se fiel ao grupo. Existem bandas que conseguem tirar um disco memorável de um cenário de tensão - vide o "Álbum Branco" dos Beatles - mas, o contrário, o caso aqui, tende a ser mais comum.
"Dirty Work" peca pela produção excessiva - feita por Steve Lillywhite que havia trabalhado com o U2 - e pelo material pouco inspirado.
Ainda assim o disco tem pelo menos três grandes momentos. "One Hit (To The Body)" é um rock de primeira que tem Jimmy Page tocando guitarra. O single de maior sucesso, a cover de "Harlem Shuffle" (de Bob & Earl também é boa e "Sleep Tonight", uma balada arrasadora com os vocais de Keith é forte candidata a "grande canção perdida dos Stones".
Steel Wheels - 1989
Seria preciso mais um tempo para que Jagger e Richards se entendessem. Mick seguiu irritando Keith quando disse que não sairia em turnê para divulgar "Dirty Work" para gravar mais um disco solo ("Primitive Cool", outro grande fracasso).
Mas nada deixou o guitarrista mais possesso que a decisão do cantor em fazer shows solo pela Austrália e Japão..
Jagger diz ter tomado essa decisão, por acreditar que os Stones não teriam sobrevivido a uma turnê naquele momento.
Sem saber o que fazer, Keith resolveu produzir um documentário com seu heróis Chuck Berry ("Hail! Hail! Rock 'n' Roll" de 1987) e, relutantemente, gravou um disco solo que foi muitíssimo bem recebido, orealmente belo "Talk is Cheap".
Ainda assim,e estava claro que a marca Rolling Stones era por demais forte e lucrativa para ser posta de lado. Assim Jagger e Richards se reaproximaram e a engrenagem voltou a funcionar.
O pouco lembrado "Steel Wheels", ajudou a apagar a má impressão deixada pelos álbuns anteriores e mostrou que eles ainda tinham algo a oferecer, ainda que aquele período de intensa criatividade visto entre o final dos anos 60/início dos 70 certamente não se repetiria (mas quantos mais conseguiram algo parecido?).
O fato é que aqui o grupo voltou a mostrar paixão pelo seu ofício. Os rocks não soam arrastados, as baladas são boas e temos até experimentos com a música oriental em "Continental Drift". Como já virou tradição, Keith volta a brilhar em uma faixa mais lenta. "Slipping Away" (que ele gosta de cantar nos shows atuais) é mais outro de seus grandes momentos.
O lançamento do álbum também motivou uma turnê gigantesca por estádios dos EUA, Europa e Japão - a primeira em sete anos - e marcou a despedida do baixista Bill Wyman que se desligou do grupo depois do derradeiro show do giro.
Voodoo Lounge - 1994
A partir daqui os fãs aprendem que precisarão esperar muito por um disco da banda e as recompensas serão moderadas, com momentos de brilho intercalados por outros mais inconsequentes.
Em "Voodoo Lounge", o produtor Don Was, tentou fazer a banda retornar ao seu período áureo. Em "Love Is Strong" e "You Got Me Rocking" que não fariam feio em nenhum disco clássico da banda ele conseguiu. Some a isso uma balada excelente -"Out Of Tears" e outro momento de brilho de Richards ("The Worst") e tudo fica ainda melhor.
O problema maior é que o advento do CD parece ter acabado com o senso de edição da banda. Antes, o único álbum deles com mais de 60 minutos havia sido "Exile On Main Street" de 1972. Agora, a possibilidade de se colocar 70 minutos de música em um só disco abriu espaço para que muito material que em outras épocas não entrariam em um álbum deles ganhasse espaço. Ou seja, ouvir o disco de cabo a rabo pode ser cansativo, mas ele tem umas cinco ou seis músicas excelentes (talvez mais) para fazer parte de uma playlist da banda.
O álbum gerou outra grande turnê, que finalmente os trouxe ao Brasil para shows (e não só a passeio como já havia acontecido) inesquecíveis em São Paulo e Rio de Janeiro.
Bridges To Babylon - 1997
Quase tudo que dissemos sobre "Voodoo Lounge" pode ser aplicado ao seu sucessor, ainda que esse divida opiniões.
A edição americana da revista Rolling Stone por exemplo considera esse um dos melhores álbuns da década, e Mick Jagger também parece ter um certo apreço pelo álbum - ele adora cantar "Out Of Control" nos shows - a única dos anos 90 a entrar nos setlists atuais.
"Bridges..." é um tanto esquizofrênico ao misturar o som clássico da banda com modernizações desse mesmo som.
Dessa forma ele é interessante para se entender as cabeças de suas duas principais figuras: Jagger em busca de novidades - foi dele a ideia de chamar os Dust Brothers, que haviam produzido o premiado "Odelay" de Beck para trabalhar com eles - e Richards como o guardião das tradições.
Disso temos um disco que pode não ser perfeito, mas se garante, especialmente em "Saint Of Me" e "Flip The Switch".
Esse também é o único álbum da banda a contar com três canções com os vocais de Richards. Como ficamos sabendo em sua autobiografia ("Vida" de 2010), Jagger não queria aceitar isso de jeito algum e o impasse se formou. Foi quando o produtor Don Was acabou achando a solução. "Thief In The Night" e "How Can I Stop" seriam colocadas no final do álbum sem interrupção, numa espécie de medley, uma espécie de faixa bônus para os fãs dele.
A turnê deste disco também passou pelo Brasil - em 1998 novamente no Rio de Janeiro e São Paulo.
A Bigger Bang - 2005
Até o presente momento, este é o último álbum dos Stones. Apesar dos mais de dez anos passados, é certo acreditar que eles ainda gravarão um disco - que nesse caso poderá mesmo ser o derradeiro da banda, se bem que com eles tudo é possível.
A Bigger Bang é provavelmente o melhor disco maduro dos Stones, um álbum onde eles não buscam reinventar a roda, mas entregar o que se espera da banda, da melhor maneira possível. A mistura de rock, blues, baladas e funk no geral funciona, ainda que uma edição - são dezesseis músicas - pudesse beneficiá-lo.
Foi com a turnê deste trabalho que o grupo fez o histórico show na praia de Copacabana no Rio (há dez anos, em 18 de fevereiro de 2006), onde foram vistos por mais de um milhão e meio de pessoas.
Leia também a primeira e a segunda parte do especial Rolling Stones disco a disco!
Emotional Rescue - 1980
Se os Stones entraram e saíram da década de 70 com álbuns de alto nível, a coisa não foi a mesma nos anos 80. "Emotional Rescue" é certamente um dos discos menos memoráveis lançados pela banda.
Isso não significa que ele seja de todo desprezível, mas há lago de estranho um disco deles onde as melhores faixas são as músicas mais dançantes (como "Dance (pt. 1)" ou a faixa-título) ou as baladas - "Indian Girl" e "All About You", essa com os vocais de Keith Richards), Entre os rocks o destaque vai para o divertido single "She's So Cold".
Tattoo You - 1981
Depois da decepção de "Emotional Rescue", "Tattoo You", foi visto como um retorno da banda. E é mesmo. Dividido em um lado roqueiro e outro mais lento, esse é o melhor álbum lançado por eles desde então.
Cada uma das metades traz um clássico incontestável. Na primeira, temos "Start Me Up" o último single deles a fazer realmente sucesso e entrar no consciente coletivo do público - tanto que ela é a música mais "recente" entre as que a banda em hipótese alguma deixa de tocar em seus concertos. O lado B é ainda melhor e tem "Waiting On A Friend".
Dessa forma é fácil pensar que a banda estava com sua inspiração renovada e que o futuro tinha tudo para ser brilhante. Infelizmente não era o caso. Como soube-se posteriormente, "Tattoo You" foi basicamente criado a partir de sobras e trechos de canções que o grupo havia acumulado no passado e que foram terminadas em sua maior parte por Jagger, muitas vezes sem a presença dos outros integrantes da banda no estúdio. "Waiting On A Friend", por exemplo, começou a ser gravada em 1972 e tem a guitarra Mick Taylor - que processou, com sucesso, a banda, exigindo também receber pelas vendas do álbum).
O vocalista explicou que eles haviam decidido sair em turnê e queriam ter um novo disco atrelado ao giro. Como não havia tempo para compor (e ele e Richards não estavam nos melhores termos) a ideia de reciclar material antigo foi a única solução.
A turnê de 1981 e 1982 foi um enorme sucesso e, desde então, ficou cada vez mais difícil vê-los tocar fora de grandes estádios - aliás de durante o restante da década ficou impossível vê-los tocando onde quer que fosse, como veremos a seguir.
Undercover - 1983
Outro que costuma ser lembrado como pior disco da banda, "Undercover" obviamente não é nenhuma maravilha, e marca o momento em que Jagger e Richards começam a entrar em guerra pra valer.
Tudo porque o vocalista assinou contrato também para fazer discos solo, o que o guitarrista considerou uma traição para com ele e a banda.
Ainda assim, "Undercover" não é de todo mal. A faixa título é uma das melhores faixas "pós-anos 80" deles e o clipe é melhor ainda.
"She Was Hot" - uma resposta a "She's So Cold"? - é divertida e a dançante "Too Much Blood" também funciona - se você ignorar a letra "forte" com Jagger declamando a história do cara que esquartejou a namorada e guardou os pedaços na geladeira para ir comendo aos poucos. Ah sim, o clipe com Richards e uma serra elétrica também merece ser visto.
O resto é meio qualquer nota, com mais uma série de rocks genéricos e canções com influência de funk ou reggae que também não empolgam. Mas eles ainda precisariam decair mais um pouquinho antes de se levantarem.
Dirty Work - 1986
Nunca os Stones estiveram tão perto do fim quanto no meio dos anos 80. Como já dissemos, Richards nunca engoliu o fato de Jagger ter saído em carreira solo - e se deliciou quando o álbum do vocalista - o de fato pouco inspirado "She's The Boss" - não emplacou.
Para piorar a situação, o sempre calmo baterista Charlie Watts, que sempre deu a impressão de ser um poço de sanidade no meio de toda a loucura que cerca a banda - se viu viciado em heroína. Igualmente triste foi a morte de Ian Stewart.
Ele foi o pianista que foi obrigado a deixar a banda que ajudou a fundar, por ser feio demais, mas que ainda assim manteve-se fiel ao grupo. Existem bandas que conseguem tirar um disco memorável de um cenário de tensão - vide o "Álbum Branco" dos Beatles - mas, o contrário, o caso aqui, tende a ser mais comum.
"Dirty Work" peca pela produção excessiva - feita por Steve Lillywhite que havia trabalhado com o U2 - e pelo material pouco inspirado.
Ainda assim o disco tem pelo menos três grandes momentos. "One Hit (To The Body)" é um rock de primeira que tem Jimmy Page tocando guitarra. O single de maior sucesso, a cover de "Harlem Shuffle" (de Bob & Earl também é boa e "Sleep Tonight", uma balada arrasadora com os vocais de Keith é forte candidata a "grande canção perdida dos Stones".
Steel Wheels - 1989
Seria preciso mais um tempo para que Jagger e Richards se entendessem. Mick seguiu irritando Keith quando disse que não sairia em turnê para divulgar "Dirty Work" para gravar mais um disco solo ("Primitive Cool", outro grande fracasso).
Mas nada deixou o guitarrista mais possesso que a decisão do cantor em fazer shows solo pela Austrália e Japão..
Jagger diz ter tomado essa decisão, por acreditar que os Stones não teriam sobrevivido a uma turnê naquele momento.
Sem saber o que fazer, Keith resolveu produzir um documentário com seu heróis Chuck Berry ("Hail! Hail! Rock 'n' Roll" de 1987) e, relutantemente, gravou um disco solo que foi muitíssimo bem recebido, orealmente belo "Talk is Cheap".
Ainda assim,e estava claro que a marca Rolling Stones era por demais forte e lucrativa para ser posta de lado. Assim Jagger e Richards se reaproximaram e a engrenagem voltou a funcionar.
O pouco lembrado "Steel Wheels", ajudou a apagar a má impressão deixada pelos álbuns anteriores e mostrou que eles ainda tinham algo a oferecer, ainda que aquele período de intensa criatividade visto entre o final dos anos 60/início dos 70 certamente não se repetiria (mas quantos mais conseguiram algo parecido?).
O fato é que aqui o grupo voltou a mostrar paixão pelo seu ofício. Os rocks não soam arrastados, as baladas são boas e temos até experimentos com a música oriental em "Continental Drift". Como já virou tradição, Keith volta a brilhar em uma faixa mais lenta. "Slipping Away" (que ele gosta de cantar nos shows atuais) é mais outro de seus grandes momentos.
O lançamento do álbum também motivou uma turnê gigantesca por estádios dos EUA, Europa e Japão - a primeira em sete anos - e marcou a despedida do baixista Bill Wyman que se desligou do grupo depois do derradeiro show do giro.
Voodoo Lounge - 1994
A partir daqui os fãs aprendem que precisarão esperar muito por um disco da banda e as recompensas serão moderadas, com momentos de brilho intercalados por outros mais inconsequentes.
Em "Voodoo Lounge", o produtor Don Was, tentou fazer a banda retornar ao seu período áureo. Em "Love Is Strong" e "You Got Me Rocking" que não fariam feio em nenhum disco clássico da banda ele conseguiu. Some a isso uma balada excelente -"Out Of Tears" e outro momento de brilho de Richards ("The Worst") e tudo fica ainda melhor.
O problema maior é que o advento do CD parece ter acabado com o senso de edição da banda. Antes, o único álbum deles com mais de 60 minutos havia sido "Exile On Main Street" de 1972. Agora, a possibilidade de se colocar 70 minutos de música em um só disco abriu espaço para que muito material que em outras épocas não entrariam em um álbum deles ganhasse espaço. Ou seja, ouvir o disco de cabo a rabo pode ser cansativo, mas ele tem umas cinco ou seis músicas excelentes (talvez mais) para fazer parte de uma playlist da banda.
O álbum gerou outra grande turnê, que finalmente os trouxe ao Brasil para shows (e não só a passeio como já havia acontecido) inesquecíveis em São Paulo e Rio de Janeiro.
Bridges To Babylon - 1997
Quase tudo que dissemos sobre "Voodoo Lounge" pode ser aplicado ao seu sucessor, ainda que esse divida opiniões.
A edição americana da revista Rolling Stone por exemplo considera esse um dos melhores álbuns da década, e Mick Jagger também parece ter um certo apreço pelo álbum - ele adora cantar "Out Of Control" nos shows - a única dos anos 90 a entrar nos setlists atuais.
"Bridges..." é um tanto esquizofrênico ao misturar o som clássico da banda com modernizações desse mesmo som.
Dessa forma ele é interessante para se entender as cabeças de suas duas principais figuras: Jagger em busca de novidades - foi dele a ideia de chamar os Dust Brothers, que haviam produzido o premiado "Odelay" de Beck para trabalhar com eles - e Richards como o guardião das tradições.
Disso temos um disco que pode não ser perfeito, mas se garante, especialmente em "Saint Of Me" e "Flip The Switch".
Esse também é o único álbum da banda a contar com três canções com os vocais de Richards. Como ficamos sabendo em sua autobiografia ("Vida" de 2010), Jagger não queria aceitar isso de jeito algum e o impasse se formou. Foi quando o produtor Don Was acabou achando a solução. "Thief In The Night" e "How Can I Stop" seriam colocadas no final do álbum sem interrupção, numa espécie de medley, uma espécie de faixa bônus para os fãs dele.
A turnê deste disco também passou pelo Brasil - em 1998 novamente no Rio de Janeiro e São Paulo.
A Bigger Bang - 2005
Até o presente momento, este é o último álbum dos Stones. Apesar dos mais de dez anos passados, é certo acreditar que eles ainda gravarão um disco - que nesse caso poderá mesmo ser o derradeiro da banda, se bem que com eles tudo é possível.
A Bigger Bang é provavelmente o melhor disco maduro dos Stones, um álbum onde eles não buscam reinventar a roda, mas entregar o que se espera da banda, da melhor maneira possível. A mistura de rock, blues, baladas e funk no geral funciona, ainda que uma edição - são dezesseis músicas - pudesse beneficiá-lo.
Foi com a turnê deste trabalho que o grupo fez o histórico show na praia de Copacabana no Rio (há dez anos, em 18 de fevereiro de 2006), onde foram vistos por mais de um milhão e meio de pessoas.
Leia também a primeira e a segunda parte do especial Rolling Stones disco a disco!