Com quase uma década de carreira discográfica, Ana Cañas já se firmou como uma de nossas artistas mais interessantes ao trabalhar naquela encruzilha onde o pop, o rock e a MPB se encontram.
Em "Tô na Vida", seu mais recente álbum de estúdio (2015), ela deu vazão ao seu lado mais roqueiro, em um trabalho que não esconde seu débito para com os sons dos anos 70.
A artista agora está na estrada mostrando as novas músicas, antigos sucessos e algumas covers como a de "Rock And Roll" do Led Zeppelin e estará nessa sexta (6) em São Paulo no Auditório Ibirapuera em show que marca o lançamento da edição em vinil do álbum e terá a participação especial de Tulipa Ruiz (ingressos aqui).
A cantora bateu um papo com o Vagalume sobre o novo disco, suas influências e o atual momento da carreira. Confira!
Vamos falar um pouco do novo disco. Fale do processo de composição, já que o álbum tem músicas só suas e outras feitas com parceiros mais antigos - como o Arnaldo Antunes - e outros novos o caso do Lúcio Maia da Nação Zumbi.
É um disco diferente dos anteriores, especialmente pelo processo. Não tanto pelas composições autorais ou parcerias (antigas e novas), mas o processo em si.
Passei um ano compondo essas novas canções e eu nunca tinha trabalhado dessa maneira, Foi enriquecedor. Foi um processo vertical, de aprofundar ideias e maturar sonoridades.
O Lúcio Maia produziu o disco e o Mário Caldato também está nos créditos. O que eles trouxeram de novo para a sua música e sua maneira de trabalhar no estúdio?
Eu dei muita sorte de poder contar com caras como eles. São muito experientes, profundos conhecedores do ofício e da música em geral. Alto nível. Foi uma honra muito grande. São pessoas generosas, dedicadas, exigentes e profissionais ao extremo. Aprendi - e aprendo - muito com os dois.
Esse também é o seu primeiro trabalho totalmente autoral. Porque deixou o lado intérprete de lado desta vez?
Tô em busca de algo meu, cem por cento, eu sinto. Sempre interpretei músicas de outros compositores - ainda faço isso nos shows - mas com o disco, foi diferente.
Talvez, em decorrência do processo mesmo, que foi longo e também tive tempo de maturar o que queria melhor, com mais discernimento.
É visível uma pegada de pop e rock dos anos setenta no álbum, tanto nas faixas mais pesadas como nas de levada mais acústica. Era algo que já se sentia nos seus discos, mas aqui esse lado aparece com mais força. Era essa a intenção desde o começo?
Sim, essa vibe tá presente, com certeza. A gente gravou tudo ao vivo no estúdio (algumas músicas, até a voz). Esse era um processo da época. As bandas de rock dos anos 70 gravavam discos dessa maneira. O resultado fica mais orgânico e visceral, aproxima da energia dos shows, inclusive. Os timbres também têm a ver, pois usamos muito equipamento analógico. Enfim, somando a isso tudo, muito som dessa época me serve de referência até hoje - desde sempre. Então, é uma somatória de coisas, texturas, ideias, sons e atitude.
Os discos mais roqueiros da Rita Lee também parecem ter tido grande influência no álbum e em você como artista. É por aí?
Sempre ouvi a Rita, mesmo quando cantava jazz na noite há 10 anos. Sou apaixonada por suas idéias e sua história de vida. Meu disco favorito dela é o 'Fruto Proibido' (de 1975, com o Tutti-Frutti). Rita é referência pra qualquer mulher independente e que luta por seus direitos, sua liberdade. Assim como a Patti Smith, Nina Simone, Billie Holiday ou Gal Costa.
O disco foi bem recebido pela crítica, tendo até conquistado uma indicação ao prêmio da APCA (que acabou premiando "A Mulher do Fim Do Mundo" de Elza Soares). Quanto ao público você sentiu alguma mudança? Ter deixado seu lado mais roqueiro aflorar lhe trouxe uma nova audiência?
Eu senti isso, mas de maneira muito espontânea, o que foi muito massa. Chegou um público mais jovem, muitas meninas e também homens, na faixa dos trinta, quarenta.
Acho que é um público de rock mesmo, que admira a liberdade, a expressão, atitude e visceralidade. Amo esse público, ele dialoga comigo de uma forma enriquecedora, questionadora e contemporânea.
Você já está pensando nos seus próximos projetos? Já consegue dizer se pretende seguir a pegada do “Tô Na Vida” ou se irá por outro caminho?
Sinto que será uma evolução do 'Tô Na Vida'. Porque, em relação aos anteriores, ele é quase um começo do zero. Eu sinto dessa maneira, como se ele redefinisse o meu som. Já estou trabalhando no próximo e ano que vem, devemos gravá-lo. Tô muito animada e contente com mais esse passo e devo trabalhar com as mesma pessoas, mas novas parcerias já estão surgindo. Tô muito, muito feliz e animada. Let's rock (risos).
Curta o som de Ana Cañas aqui no Vagalume!
Em "Tô na Vida", seu mais recente álbum de estúdio (2015), ela deu vazão ao seu lado mais roqueiro, em um trabalho que não esconde seu débito para com os sons dos anos 70.
A artista agora está na estrada mostrando as novas músicas, antigos sucessos e algumas covers como a de "Rock And Roll" do Led Zeppelin e estará nessa sexta (6) em São Paulo no Auditório Ibirapuera em show que marca o lançamento da edição em vinil do álbum e terá a participação especial de Tulipa Ruiz (ingressos aqui).
A cantora bateu um papo com o Vagalume sobre o novo disco, suas influências e o atual momento da carreira. Confira!
Vamos falar um pouco do novo disco. Fale do processo de composição, já que o álbum tem músicas só suas e outras feitas com parceiros mais antigos - como o Arnaldo Antunes - e outros novos o caso do Lúcio Maia da Nação Zumbi.
É um disco diferente dos anteriores, especialmente pelo processo. Não tanto pelas composições autorais ou parcerias (antigas e novas), mas o processo em si.
Passei um ano compondo essas novas canções e eu nunca tinha trabalhado dessa maneira, Foi enriquecedor. Foi um processo vertical, de aprofundar ideias e maturar sonoridades.
O Lúcio Maia produziu o disco e o Mário Caldato também está nos créditos. O que eles trouxeram de novo para a sua música e sua maneira de trabalhar no estúdio?
Eu dei muita sorte de poder contar com caras como eles. São muito experientes, profundos conhecedores do ofício e da música em geral. Alto nível. Foi uma honra muito grande. São pessoas generosas, dedicadas, exigentes e profissionais ao extremo. Aprendi - e aprendo - muito com os dois.
Esse também é o seu primeiro trabalho totalmente autoral. Porque deixou o lado intérprete de lado desta vez?
Tô em busca de algo meu, cem por cento, eu sinto. Sempre interpretei músicas de outros compositores - ainda faço isso nos shows - mas com o disco, foi diferente.
Talvez, em decorrência do processo mesmo, que foi longo e também tive tempo de maturar o que queria melhor, com mais discernimento.
É visível uma pegada de pop e rock dos anos setenta no álbum, tanto nas faixas mais pesadas como nas de levada mais acústica. Era algo que já se sentia nos seus discos, mas aqui esse lado aparece com mais força. Era essa a intenção desde o começo?
Sim, essa vibe tá presente, com certeza. A gente gravou tudo ao vivo no estúdio (algumas músicas, até a voz). Esse era um processo da época. As bandas de rock dos anos 70 gravavam discos dessa maneira. O resultado fica mais orgânico e visceral, aproxima da energia dos shows, inclusive. Os timbres também têm a ver, pois usamos muito equipamento analógico. Enfim, somando a isso tudo, muito som dessa época me serve de referência até hoje - desde sempre. Então, é uma somatória de coisas, texturas, ideias, sons e atitude.
Os discos mais roqueiros da Rita Lee também parecem ter tido grande influência no álbum e em você como artista. É por aí?
Sempre ouvi a Rita, mesmo quando cantava jazz na noite há 10 anos. Sou apaixonada por suas idéias e sua história de vida. Meu disco favorito dela é o 'Fruto Proibido' (de 1975, com o Tutti-Frutti). Rita é referência pra qualquer mulher independente e que luta por seus direitos, sua liberdade. Assim como a Patti Smith, Nina Simone, Billie Holiday ou Gal Costa.
O disco foi bem recebido pela crítica, tendo até conquistado uma indicação ao prêmio da APCA (que acabou premiando "A Mulher do Fim Do Mundo" de Elza Soares). Quanto ao público você sentiu alguma mudança? Ter deixado seu lado mais roqueiro aflorar lhe trouxe uma nova audiência?
Eu senti isso, mas de maneira muito espontânea, o que foi muito massa. Chegou um público mais jovem, muitas meninas e também homens, na faixa dos trinta, quarenta.
Acho que é um público de rock mesmo, que admira a liberdade, a expressão, atitude e visceralidade. Amo esse público, ele dialoga comigo de uma forma enriquecedora, questionadora e contemporânea.
Você já está pensando nos seus próximos projetos? Já consegue dizer se pretende seguir a pegada do “Tô Na Vida” ou se irá por outro caminho?
Sinto que será uma evolução do 'Tô Na Vida'. Porque, em relação aos anteriores, ele é quase um começo do zero. Eu sinto dessa maneira, como se ele redefinisse o meu som. Já estou trabalhando no próximo e ano que vem, devemos gravá-lo. Tô muito animada e contente com mais esse passo e devo trabalhar com as mesma pessoas, mas novas parcerias já estão surgindo. Tô muito, muito feliz e animada. Let's rock (risos).
Curta o som de Ana Cañas aqui no Vagalume!