Frank Ocean - Blonde
Frank Ocean
Depois de ter lançado um dos álbuns definidores desta década, channel ORANGE de 2012, era óbvio que as expectativas pelo novo álbum de Frank Ocean estavam nas alturas. Afinal não é toda hora que nos deparamos com um artista capaz de redefinir um gênero e abrir novos, e estimulantes, caminhos no mundo da música.

Ocean foi esperto em não apressar as coisas, preferindo trabalhar com calma e só lançar um novo manifesto quando achasse que ele estava pronto.

Por isso até mesmo a confusa história de seu lançamento acaba sendo perdoada agora que o material está em nossas mãos. Primeiro ele deu a entender que um álbum chamado "Boys Don't Cry" seria lançado no dia 5 de agosto, mas quando a data chegou fãs e imprensa se frustraram com o alarme falso.

Frank Ocean
Na sexta passada (19) o cantor e rapper liberou um "álbum visual" chamado "Endless" que foi bastante elogiado. Mas foi só no dia seguinte que o trabalho "de verdade" saiu, mas com um novo título e disponibilidade limitada aos serviços da Apple.

E o veredito é a de que a espera compensou. O fato é que foi Ocean quem abriu o caminho para a atual geração de R&B futurista e também para os novos, e surpreendentes, discos de Rihanna, Beyoncé e Drake. Só não esperem de "Blonde" algo tão imediato quanto o desses citados.

A preferência aqui é a por canções menos óbvias, quase experimentais em que o R&B, o soul, a psicodelia e as trucagens de estúdio ganham primazia frente ao pop. Não que o álbum seja do tipo hermético, daqueles que apenas fãs radicais e críticos entendem, mas é preciso ouvi-lo com calma e atenção algumas vezes para que ele se mostre por inteiro.

O fato é que "Blonde" estreou no topo da parada britânica e deve seguir pelo mesmo caminho na americana, prova que o público ainda sabe reconhecer um artista inovador e original quando se depara com um da magnitude de Frank Ocean.

Ouça "Nikes" com Frank Ocean presente no álbum "Blonde"






ANAVITÓRIA - ANAVITÓRIA
Anavitória
Anavitória ANAVITÓRIA
Esse álbum mostra que o YouTube também serve para revelar artistas com uma proposta musical mais diferenciada e de estilos menos massificados.

Formada por duas jovens cantoras e compositoras, o ANAVITÓRIA vem do Tocantins e mistura de forma orgânica o folk americano com a nossa música caipira de raiz e um pouco de espírito indie.

Depois de lançarem um EP, as amigas Ana e Vitória agora chegam com o álbum completo de uma simplicidade e emoção à toda prova.

Anavitória letras
Assim os méritos também devem ser dados ao produtor do trabalho, o cantor e compositor Tiago Iorc que apostou nas garotas depois de ter se surpreendido com um vídeo delas cantando a sua "Um Dia Após o Outro".

Além de participar de uma das faixas, ele registrou tudo de maneira simples e extremamente eficaz.

Os instrumentos acústicos e as belas harmonias vocais das cantoras forma privilegiados, de forma que é difícil não ficar tocado com o disco - que traz também uma versão do standard sertanejo "Tocando em Frente". A escolha de uma canção tão massificada a princípio pode soar como um deslize, mas basta ouvi-la para perceber que ela faz todo o sentido no contexto geral. Em resumo, mais um disco para ficar entre os melhores lançados no Brasil em 2016.

Ouça "Trevo (Tu) (part. Tiago Iorc)" com ANAVITÓRIA do álbum de estreia da dupla






Ryley Walker - Golden Sings That...
Ryley Walker
Ryley Walker Golden Sings That Have Been Sung
Ainda no clima folk/acústico, mas agora não tão simples, temos o terceiro trabalho de Ryley Walker. Apesar de americano, de Chicago, pode-se desculpar quem, ao ouvi-lo pensar que ele veio do interior da Inglaterra, afinal ao ouvi-lo é fácil perceber as influências de Nick Drake ou John Martin.

"Golden Sings That Have Been Sung" chega apenas um ano depois de ""Primrose Green", o disco que fez dele um dos queridinhos da imprensa britânica - especialmente a dita mais "adulta".

Quem teve a oportunidade de vê-lo ao vivo recentemente no Brasil - ele fez um show gratuito em São Paulo em julho passado dentro de um festival bancado por uma marca de uísque - certamente deve ter se surpreendido com a sua técnica ao violão e com os voos instrumentais, que abriam espaço para o jazz, o pós rock e o até o noise.

Ryley Walker
Nesse disco Walker deu mais ênfase a essa sua faceta, ainda que o senso melódico esteja mantido. As oito faixas são divididas igualmente entre canções mais curtas e outras mais longas, com seis ou oito minutos. Todas, sem exceção belas e instigantes.

Para os interessados em conhecer o lado mais, digamos, livre do músico Walker também colocou uma faixa extra no trabalho.

A edição deluxe (e também a que está serviços de streaming musical) tem uma versão de inacreditáveis 40 minutos de "Sullen Mind" (quase sete vezes mais do que na gravação original) com direito a solos, improvisos e muito barulho.

Ouça "The Roundabout" com Ryley Walker de "Golden Sings That Have Been Sung"