The xx - I See You
A mistura de música eletrônica, pop, rock e experimentalismo do The xx se mostrou não só uma grata surpresa, como se mostra bastante influente - a parada britânica está recheada de bandas que seguem essa cartilha.
Em seu terceiro trabalho, o trio pode não atingir o mesmo grau de inspiração de sua estreia de 2009, mas certamente fez um trabalho melhor que o segundo, "Coexist" de 2012, que já era um bom disco. Não à toa ele estreou no topo da parada britânica desta semana, depois de receber elogios unânimes da imprensa.
O segredo aqui está no equilíbrio. O disco traz tanto faixas de maior apelo popular e dançante quanto momentos mais introspectivos que chegam a lembrar os bons momentos do Portishead. Em resumo, um dos primeiros grandes discos de 2017. É escutar e se preparar para o show que eles fazem na próxima edição do Lollapalooza, no dia 25 de março em São Paulo.
Ouça "On Hold" com o The xx, presente no álbum "I See You"
Sepultura - Machine Messiah
Em seu 14° álbum de estúdio o Sepultura mostra incrível capacidade não só de sobrevivência, mas também de reinvenção.
A atual formação da banda, liderada por Andreas Kisser e com os vocais de Derrick Green - que em 2017 celebra duas décadas à frente do grupo - mostra-se muito criativa.
Mesmo precisando, ainda hoje, conviver com o seu passado glorioso, com os irmãos Cavalera, "Machine Messiah", é daqueles trabalhos que devem agradar os fãs de longa data, e até renovar o público do quarteto.
Com 10 faixas e pouco mais de 45 minutos, como nos antigos discos de vinil, o novo disco traz não só as porradas características da banda, mas também momentos mais amenos, mas jamais de menor impacto. Nota-se uma aproximação com o hard-heavy mais tradicional, e experimentos com outros ritmos - da música do oriente médio ao pós-punk (em alguns momentos Derrick soa curiosamente como Jaz Coleman do Killing Joke).
"Messiah" é mais recomendado obviamente para fãs de sons mais pesados, mas ele certamente poderá agradar também a públicos de outros estilos e mostra que a mais bem sucedida de nossas bandas no cenário internacional, ainda tem muito a oferecer.
Ouça "Phantom Self" com o Sepultura, presente no álbum "Machine Messiah"
The Flaming Lips - Oczy Mlody
Os fãs dos Flaming Lips já sabem que é impossível prever o que a banda, que já passa dos 30 anos de carreira, irá fazer em seu próximo trabalho.
Mas uma coisa é certa, eles nunca irão fazer um disco convencional. Esse "Oczy Mlody", o primeiro de material original em quatro anos, traz a tradicional influência da psicodelia, tanto em sua versão florida quanto da mais sinistra. A voz de Wayne Coyne surge sempre repleta de efeitos e o grupo segue fascinado com instrumentos eletrônicos.
O disco se mostra um pouco mais acessível que os dois últimos trabalhos de material original ("Embryonic" de 2009 e "The Terror" de 2013), mas ainda assim longe da fase 1999-2006 quando eles se tornaram estrelas do circuito alternativo e conquistaram muitos e insuspeitos fãs.
Uma pessoa que sabidamente foi tocada pela música da banda foi Miley Cyrus, que acabou entrando para o círculo da banda, gravando com eles e mantendo uma sólida amizade com Coyne. A estrela da música pop aparece em "We a Famly", a faixa que encerra esse disco estranho e que dividiu críticos e fãs, mas que merece no mínimo uma conferida.
Ouça "Sunrise (Eyes Of The Young) com os Flaming Lips, faixa do álbum "Oczy Mlody"