Hoje, 21 de setembro é celebrado o Dia Nacional da Luta das Pessoas com deficiência. Para marcar a data, mostramos aqui alguns grandes nomes da música que conseguiram superar as dificuldades que lhe acabaram impostas de maneira brilhante
Herbert Vianna
O guitarrista e vocalista dos Paralamas do Sucesso ficou entre a vida e a morte depois de sofrer um grave acidente com um ultraleve há 20 anos. Herbert sobreviveu, mas ficou paraplégico e com problemas para se recordar de fatos recentes. Felizmente, a memória de longo prazo não foi afetada, o que significou que ele pôde voltar a tocar, com muito treino e algumas adaptações - nos shows, uma pedaleira de efeitos fica acoplada à sua cadeira de rodas.
No século 21 a banda já lançou quatro álbuns de estúdio e eles seguem fortes em cima dos palcos.
Tony Iommi
O guitarrista do Black Sabbath pode ser creditado como o inventor do heavy metal, graças ao som pesado e único que criou para a banda entre o fim dos anos 60/início dos 70. Verdadeira máquinha de criar riffs inesquecíveis, Iommi desenvolveu seu estilo também por necessidade, depois que perdeu a ponta de dois dedos de sua mão direita em um acidente de trabalho.
Como canhoto, era com essa mão que ele montava os acordes no instrumento. Ou seja, seria o caso para abandonar o instrumento se ele não tivesse resolvido se adaptar frente a essa enorme diversidade.
O inglês criou duas dedeiras e passou a tocar com elas. Iommi também percebeu que a tarefa de tocar ficava mais fácil se a guitarra fosse afinada um tom abaixo do padrão. Resultado? O timbre do instrumento agora soava mais pesado e sombrio, algo perfeito para o som do Sabbath e um truque que passou a ser usado por muitas bandas no futuro ("Sad But True", do Metallica, sendo um bom exemplo). Nesse vídeo ele demonstra a sua técnica:
Robert Wyatt
Wyatt era baterista do Soft Machine, banda que começou como uma das principais do psicodelismo britânico antes de abraçar o rock progressivo e as influências do jazz. Sua vida mudou dramaticamente em 1973, quando, em uma festa regada a muito álcool, ele acabou caindo acidentalmente de uma janela perdendo os movimentos da cintura para baixo.
O músico se viu obrigado a trocar de instrumento, passando para o teclado e criando canções climáticas de grande originalidade - "Rock Bottom", de 1974, é a sua obra-prima. Wyatt se tornou uma figura muito querida no Reino unido e costuma dizer que o acidente, ironicamente, salvou a sua vida, já que o seu vício por bebida estava começando a sair do controle.
Ele também conseguiu um improvável hit single ao regravar "I'm a Believer", o velho sucesso dos Monkees que também ajudou a tirar, um pouco, o preconceito que os cadeirantes enfrentavam no dia a dia. O músico foi chamado para apresentar a canção no "Top Of The Pops", o mais importante programa musical da BBC, mas os diretores falaram que a visão de uma pessoa em cadeira de rodas não era adequada para as famílias britânicas e que ele deveria aparecer sentado em uma cadeira comum. Robert não aceitou e a BBC reviu a sua opinião.
Com 76 anos, Wyatt está aposentado da música desde 2014, mas deixou uma obra que merece ser conhecida.
Rick Allen
Em meados dos anos 80, o Def Leppard havia atingido um nível de popularidade inimaginável com o álbum "Pyromania", que explodiu nos EUA, mesmo sem ter feito tanto barulho no Reino Unido, a terra natal da banda. O ano de 1985 prometia ser ainda mais animado com uma vinda ao primeiro Rock in Rio e a gravação de um novo disco que, tudo indicava, iria levar a banda ainda além, o que não era pouca coisa para quem já tinha acabado de ganhar um disco de diamante.
Tudo mudou no dia 31 de dezembro de 1984, quando o baterista Rick Allen acabou envolvido em um grave acidente automobilístico que fez com que seu braço esquerdo fosse amputado. Houve uma tentativa de reimplante, sem sucesso, e a sua vida como baterista parecia ter acabado.
Mas Allen não desistiu, com o uso da tecnologia, e muita força de vontade, ele conseguiu voltar a tocar. A salvação veio com um kit que lhe permitia executar com os pés, através de pedais que tocam timbres eletrônicos, as partes que faria com o braço faltante.
O disco, obviamente, demorou um pouco mais para sair, mas quando "Hysteria" chegou às lojas dos EUA ele se mostrou um sucesso ainda maior que seu antecessor, com as vendas ultrapassando as 12 milhões de cópias.
Esse vídeo traz o músico explicando a sua técnica e mostrando a bateria adaptada que usa em shows e gravações:
Stevie Wonder
O cantor, compositor e gênio maior da música do século 20, nasceu seis semanas antes do esperado. O tempo na incubadora, muito roca em oxigênio, lhe causou uma retinopatia que resultou em cegueira completa. Isso não impediu que ele aprendesse a, desde criança, tocar vários instrumentos - piano, bateria e harmônica - e a chamar a atenção.
Com apenas 12 anos ele já tinha contrato com a poderosa Motown, e chegava ao topo da parada de álbuns e singles dos EUA dando início a uma carreira brilhante que atingiu seu auge na primeira metade dos anos 70, quando, tendo atingido a maioridade exigiu uma renegociação de contrato que lhe rendeu não só muito dinheiro como controle total sobre seus discos. Berry Gordy Jr., o chefe da gravadora, não gostou nada da intimada, mas teve que ceder. E certamente não se arrependeu dado o sucesso avassalador que álbuns como "Talking Book" e "Songs In The Key Of Life" fizeram.
Ray Charles
Ao contrário de Wonder, Charles só perdeu a visão por completo aos sete anos. Graças à sua mãe, que conseguiu matriculá-lo em uma escola, ele conseguiu ser educado e também ter o seu dom natural para a música estimulado.
Ray já tocava profissionalmente aos 15 anos e fez suas primeiras gravações aos 19. A virada na carreira se deu quando ele assinou com a Atlantic e criou uma música que tinha tanto o "sagrado" do gospel quanto o "profano" do blues. Os puristas religiosos não gostaram nada dessa mistura, mas o grande público prestou atenção. Afinal não é todo dia que se via um estilo musical surgir assim da noite para o dia, um gênero que logo ganhou um nome: Soul.
Ray morreu em 2004, aos 73 anos, celebrado como um dos grandes gênios da músicade nossos tempos.
Herbert Vianna
O guitarrista e vocalista dos Paralamas do Sucesso ficou entre a vida e a morte depois de sofrer um grave acidente com um ultraleve há 20 anos. Herbert sobreviveu, mas ficou paraplégico e com problemas para se recordar de fatos recentes. Felizmente, a memória de longo prazo não foi afetada, o que significou que ele pôde voltar a tocar, com muito treino e algumas adaptações - nos shows, uma pedaleira de efeitos fica acoplada à sua cadeira de rodas.
No século 21 a banda já lançou quatro álbuns de estúdio e eles seguem fortes em cima dos palcos.
Tony Iommi
O guitarrista do Black Sabbath pode ser creditado como o inventor do heavy metal, graças ao som pesado e único que criou para a banda entre o fim dos anos 60/início dos 70. Verdadeira máquinha de criar riffs inesquecíveis, Iommi desenvolveu seu estilo também por necessidade, depois que perdeu a ponta de dois dedos de sua mão direita em um acidente de trabalho.
Como canhoto, era com essa mão que ele montava os acordes no instrumento. Ou seja, seria o caso para abandonar o instrumento se ele não tivesse resolvido se adaptar frente a essa enorme diversidade.
O inglês criou duas dedeiras e passou a tocar com elas. Iommi também percebeu que a tarefa de tocar ficava mais fácil se a guitarra fosse afinada um tom abaixo do padrão. Resultado? O timbre do instrumento agora soava mais pesado e sombrio, algo perfeito para o som do Sabbath e um truque que passou a ser usado por muitas bandas no futuro ("Sad But True", do Metallica, sendo um bom exemplo). Nesse vídeo ele demonstra a sua técnica:
Robert Wyatt
Wyatt era baterista do Soft Machine, banda que começou como uma das principais do psicodelismo britânico antes de abraçar o rock progressivo e as influências do jazz. Sua vida mudou dramaticamente em 1973, quando, em uma festa regada a muito álcool, ele acabou caindo acidentalmente de uma janela perdendo os movimentos da cintura para baixo.
O músico se viu obrigado a trocar de instrumento, passando para o teclado e criando canções climáticas de grande originalidade - "Rock Bottom", de 1974, é a sua obra-prima. Wyatt se tornou uma figura muito querida no Reino unido e costuma dizer que o acidente, ironicamente, salvou a sua vida, já que o seu vício por bebida estava começando a sair do controle.
Ele também conseguiu um improvável hit single ao regravar "I'm a Believer", o velho sucesso dos Monkees que também ajudou a tirar, um pouco, o preconceito que os cadeirantes enfrentavam no dia a dia. O músico foi chamado para apresentar a canção no "Top Of The Pops", o mais importante programa musical da BBC, mas os diretores falaram que a visão de uma pessoa em cadeira de rodas não era adequada para as famílias britânicas e que ele deveria aparecer sentado em uma cadeira comum. Robert não aceitou e a BBC reviu a sua opinião.
Com 76 anos, Wyatt está aposentado da música desde 2014, mas deixou uma obra que merece ser conhecida.
Rick Allen
Em meados dos anos 80, o Def Leppard havia atingido um nível de popularidade inimaginável com o álbum "Pyromania", que explodiu nos EUA, mesmo sem ter feito tanto barulho no Reino Unido, a terra natal da banda. O ano de 1985 prometia ser ainda mais animado com uma vinda ao primeiro Rock in Rio e a gravação de um novo disco que, tudo indicava, iria levar a banda ainda além, o que não era pouca coisa para quem já tinha acabado de ganhar um disco de diamante.
Tudo mudou no dia 31 de dezembro de 1984, quando o baterista Rick Allen acabou envolvido em um grave acidente automobilístico que fez com que seu braço esquerdo fosse amputado. Houve uma tentativa de reimplante, sem sucesso, e a sua vida como baterista parecia ter acabado.
Mas Allen não desistiu, com o uso da tecnologia, e muita força de vontade, ele conseguiu voltar a tocar. A salvação veio com um kit que lhe permitia executar com os pés, através de pedais que tocam timbres eletrônicos, as partes que faria com o braço faltante.
O disco, obviamente, demorou um pouco mais para sair, mas quando "Hysteria" chegou às lojas dos EUA ele se mostrou um sucesso ainda maior que seu antecessor, com as vendas ultrapassando as 12 milhões de cópias.
Esse vídeo traz o músico explicando a sua técnica e mostrando a bateria adaptada que usa em shows e gravações:
Stevie Wonder
O cantor, compositor e gênio maior da música do século 20, nasceu seis semanas antes do esperado. O tempo na incubadora, muito roca em oxigênio, lhe causou uma retinopatia que resultou em cegueira completa. Isso não impediu que ele aprendesse a, desde criança, tocar vários instrumentos - piano, bateria e harmônica - e a chamar a atenção.
Com apenas 12 anos ele já tinha contrato com a poderosa Motown, e chegava ao topo da parada de álbuns e singles dos EUA dando início a uma carreira brilhante que atingiu seu auge na primeira metade dos anos 70, quando, tendo atingido a maioridade exigiu uma renegociação de contrato que lhe rendeu não só muito dinheiro como controle total sobre seus discos. Berry Gordy Jr., o chefe da gravadora, não gostou nada da intimada, mas teve que ceder. E certamente não se arrependeu dado o sucesso avassalador que álbuns como "Talking Book" e "Songs In The Key Of Life" fizeram.
Ray Charles
Ao contrário de Wonder, Charles só perdeu a visão por completo aos sete anos. Graças à sua mãe, que conseguiu matriculá-lo em uma escola, ele conseguiu ser educado e também ter o seu dom natural para a música estimulado.
Ray já tocava profissionalmente aos 15 anos e fez suas primeiras gravações aos 19. A virada na carreira se deu quando ele assinou com a Atlantic e criou uma música que tinha tanto o "sagrado" do gospel quanto o "profano" do blues. Os puristas religiosos não gostaram nada dessa mistura, mas o grande público prestou atenção. Afinal não é todo dia que se via um estilo musical surgir assim da noite para o dia, um gênero que logo ganhou um nome: Soul.
Ray morreu em 2004, aos 73 anos, celebrado como um dos grandes gênios da músicade nossos tempos.