No dia de ontem, há 40 anos, uma revolução ainda silenciosa, mas que logo mudaria completamente a indústria da música, começava a dar os seus primeiros passos. Na cidade alemã de Langenhagen, o pianista chileno Claudio Arrau estava na fábrica da Polygram, com uma missão de grande valor histórico: apertar o botão que daria início à produção comercial de um novo formato de suporte físico de música: o Compact Disc, ou simplesmente CD.
Arau estava ali por uma razão simples. As gravações que ele fez de algumas valsas de Chopin em 1979 foram escolhidas para estar no primeiro CD que chegaria às lojas.
Os disquinhos prateados ainda levariam algum tempo para dominar o mercado, mas a "tomada de poder" do formato foi, ao menos até a chegada do MP3 no fim dos anos 90, massacrante. E não sem razão. Afinal, os CDs chegaram prometendo "som puro e sem chiados" em um disco de pequenas dimensões que tinha capacidade de suportar praticamente o dobro de tempo de um LP de vinil.
No começo, claro, o CD era um produto restrito a audiófilos e pessoas de classe alta, já que tanto o tocador quanto os CDs eram bem caros para o público comum.
Como sempre acontece nesses casos, a popularização levou ao inevitável barateamento e popularização global. Obviamente os disquinhos digitais também eram mais lucrativos para a indústria que faturou como nunca durante os "anos de ouro" do formato.
Abaixo trazemos alguns álbuns que foram pioneiros, por diversas razões, no formato que ainda sobrevive por mais que sua morte sempre esteja sendo decretada pelos veículos de comunicação.
"The Visitors" - ABBA
Aquele que, até o ano passado, era o derradeiro álbum dos suecos foi um dos primeiros a ser gravado e mixado digitalmente, Ele também foi o primeiro a ganhar uma prensagem em CD, ainda que ele só tenha chegado ao público nesse formato algum tempo depois. Em LP e cassete ele apareceu nas lojas em 1981.
"52nd Street" - Billy Joel
O primeiro país onde o compact disc foi lançado com força foi o Japão. Em outubro de 1982, os primeiros players começaram a aparecer nas lojas, junto com uma leva de 50 títulos. Destes, o disco lançado por Joel em 1978 é o que tinha o número de catálogo "35DP-1", daí ele ser considerado "o primeiro CD da história". Uma curiosidade: quando a Sony voltou a fabricar álbuns em vinil, "52nd Street" foi o disco escolhido para marcar a inauguração da nova fábrica.
"Born In The USA" - Bruce Springsteen
Dois meses depois de seu lançamento em vinil, o blockbuster do "chefe" se tornou o primeiro álbum a ser fabricado nos EUA em Compact Disc. Até aquele momento, apenas discos importados do Japão eram encontrados à venda no mercado americano.
"Brothers In Arms" - Dire Straits
Disco símbolo da era do CD, o quinto álbum de estúdio da banda de Mark Knofler, lançado em 1985, foi escolhido pela Phillips para popularizar de vez o novo formato ao redor do planeta. Mesmo aqui no Brasil, onde os disquinhos prateados só explodiram em vendas já em meados dos anos 90, "Brothers In Arms" podia ser comprado nas lojas.
"Brothers..." foi o primeiro disco a vender mais de um milhão de cópias em CD e foi todo gravado digitalmente. Outro atrativo estava no fato de que, quatro de suas músicas precisaram ser editadas para caber em um único LP de vinil e ali estavam em suas versões completas - uma maneira também de lembrar o consumidor que o CD tinha capacidade de armazenar 30 minutos a mais de música do que os "bolachões".
"A Garota de Ipanema" - Nara Leão
A primeira vez que se ouviu a música brasileira em CD foi através da coletânea "M.P.B. Musica Popular Brasileira". Pensada para o mercado europeu, a compilação tinha 16 faixas com sucessos recentes, de nomes como Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Chico Buarque e Milton Nascimento. A Polygram importou cópias do disco para serem vendidas por aqui, já que ainda não tínhamos uma fábrica no país.
Essa só seria inaugurada em 1987, quando a Microservice entra na produção dos CDs "Made in Brazil". "Garota de Ipanema", que Nara Leão gravou com Roberto Menescal no Japão em 1985 e voltado para aquele mercado, foi o disco que marcou a chegada da era do Compact Disc ao país. Ou seja, não surpreende que o disco escolhido tenha sido um feito já pensado para o novo formato.
Com poucos aparelhos disponíveis, obviamente foram poucos os compradores do disco. Aos poucos a situação ira mudar. Quando Marisa Monte saiu pela primeira vez na capa da revista Bizz, em março de 1991, a reportagem chamava a atenção para o fato de que "M", o disco de estreia da cantora, havia vendido 22 mil cópias em CD (de um total de 350 mil!), o que fazia dela a campeã absoluta em vendagem no Brasil no formato. No país, a explosão ocorreria mesmo a partir de 1994, com a estabilidade econômica conseguida pelo Plano Real aumentando o poder de consumo da população.
Em 1995, já era praticamente impossível achar algum novo lançamento em vinil nas nossas lojas - não à toa, os colecionadores têm um grande interesse em LPs fabricados no Brasil lançados a partir de 1994.
Nota: "Garota de Ipanema" não está disponível nas plataformas de streaming, mas pode ser ouvido no YouTube.
Arau estava ali por uma razão simples. As gravações que ele fez de algumas valsas de Chopin em 1979 foram escolhidas para estar no primeiro CD que chegaria às lojas.
Os disquinhos prateados ainda levariam algum tempo para dominar o mercado, mas a "tomada de poder" do formato foi, ao menos até a chegada do MP3 no fim dos anos 90, massacrante. E não sem razão. Afinal, os CDs chegaram prometendo "som puro e sem chiados" em um disco de pequenas dimensões que tinha capacidade de suportar praticamente o dobro de tempo de um LP de vinil.
No começo, claro, o CD era um produto restrito a audiófilos e pessoas de classe alta, já que tanto o tocador quanto os CDs eram bem caros para o público comum.
Como sempre acontece nesses casos, a popularização levou ao inevitável barateamento e popularização global. Obviamente os disquinhos digitais também eram mais lucrativos para a indústria que faturou como nunca durante os "anos de ouro" do formato.
Abaixo trazemos alguns álbuns que foram pioneiros, por diversas razões, no formato que ainda sobrevive por mais que sua morte sempre esteja sendo decretada pelos veículos de comunicação.
"The Visitors" - ABBA
Aquele que, até o ano passado, era o derradeiro álbum dos suecos foi um dos primeiros a ser gravado e mixado digitalmente, Ele também foi o primeiro a ganhar uma prensagem em CD, ainda que ele só tenha chegado ao público nesse formato algum tempo depois. Em LP e cassete ele apareceu nas lojas em 1981.
"52nd Street" - Billy Joel
O primeiro país onde o compact disc foi lançado com força foi o Japão. Em outubro de 1982, os primeiros players começaram a aparecer nas lojas, junto com uma leva de 50 títulos. Destes, o disco lançado por Joel em 1978 é o que tinha o número de catálogo "35DP-1", daí ele ser considerado "o primeiro CD da história". Uma curiosidade: quando a Sony voltou a fabricar álbuns em vinil, "52nd Street" foi o disco escolhido para marcar a inauguração da nova fábrica.
"Born In The USA" - Bruce Springsteen
Dois meses depois de seu lançamento em vinil, o blockbuster do "chefe" se tornou o primeiro álbum a ser fabricado nos EUA em Compact Disc. Até aquele momento, apenas discos importados do Japão eram encontrados à venda no mercado americano.
"Brothers In Arms" - Dire Straits
Disco símbolo da era do CD, o quinto álbum de estúdio da banda de Mark Knofler, lançado em 1985, foi escolhido pela Phillips para popularizar de vez o novo formato ao redor do planeta. Mesmo aqui no Brasil, onde os disquinhos prateados só explodiram em vendas já em meados dos anos 90, "Brothers In Arms" podia ser comprado nas lojas.
"Brothers..." foi o primeiro disco a vender mais de um milhão de cópias em CD e foi todo gravado digitalmente. Outro atrativo estava no fato de que, quatro de suas músicas precisaram ser editadas para caber em um único LP de vinil e ali estavam em suas versões completas - uma maneira também de lembrar o consumidor que o CD tinha capacidade de armazenar 30 minutos a mais de música do que os "bolachões".
"A Garota de Ipanema" - Nara Leão
A primeira vez que se ouviu a música brasileira em CD foi através da coletânea "M.P.B. Musica Popular Brasileira". Pensada para o mercado europeu, a compilação tinha 16 faixas com sucessos recentes, de nomes como Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Chico Buarque e Milton Nascimento. A Polygram importou cópias do disco para serem vendidas por aqui, já que ainda não tínhamos uma fábrica no país.
Essa só seria inaugurada em 1987, quando a Microservice entra na produção dos CDs "Made in Brazil". "Garota de Ipanema", que Nara Leão gravou com Roberto Menescal no Japão em 1985 e voltado para aquele mercado, foi o disco que marcou a chegada da era do Compact Disc ao país. Ou seja, não surpreende que o disco escolhido tenha sido um feito já pensado para o novo formato.
Com poucos aparelhos disponíveis, obviamente foram poucos os compradores do disco. Aos poucos a situação ira mudar. Quando Marisa Monte saiu pela primeira vez na capa da revista Bizz, em março de 1991, a reportagem chamava a atenção para o fato de que "M", o disco de estreia da cantora, havia vendido 22 mil cópias em CD (de um total de 350 mil!), o que fazia dela a campeã absoluta em vendagem no Brasil no formato. No país, a explosão ocorreria mesmo a partir de 1994, com a estabilidade econômica conseguida pelo Plano Real aumentando o poder de consumo da população.
Em 1995, já era praticamente impossível achar algum novo lançamento em vinil nas nossas lojas - não à toa, os colecionadores têm um grande interesse em LPs fabricados no Brasil lançados a partir de 1994.
Nota: "Garota de Ipanema" não está disponível nas plataformas de streaming, mas pode ser ouvido no YouTube.