Após 16 anos, finalmente o The Cure lançou seu há muito prometido novo álbum. Apesar da enorme demora, "Songs Of A Lost World" não é um trabalho de remodelagem estética, não que alguém realmente esperasse algo assim de Robert Smith em pleno 2024, mas de reafirmação.
Se, de maneira simnples, os discos da banda podem ser divididos em dois grupos - o dos trabalhos densos e o dos mais, digamos, "ensolarados", este certamente está no primeiro grupo fazendo companhia para "Pornography", "Faith", "Bloodflowers" e principalmente "Disintegration", o LP de 1989 que acabou por se tornar o definitivo da banda inglesa.
A diferença é que, ao menos nas primeiras audições, este é um álbum sem alguma canção com cara de hit single, mesmo que seja possível imaginar algumas dessas músicas ganhando espaço permanente nos setlists dos shows e tornando-se favoritas dos fãs - "A Fragile Thing" e bela "And Nothing Is Forever" sendo dois bons exemplos.
É curioso também que apesar da expectativa enorme, Robert Smith, que, pela primeira vez desde 1984 assina sozinho todas as composições, não viu problema em mostrar várias dessas faixas ao vivo. Cinco das oito músicas, metade delas com mais de seis minutos, já eram conhecidas em versões de shows - no Brasil, em dezembro do ano passado, a banda tocou três delas: "Alone", "Endsong" e a já citada "And Nothing Is Forever".
Obviamente há uma grande diferença em ouvir uma faixa em um vídeo de fã, ou mesmo em um concerto, e em sua versão definitiva e dentro de um álbum com um conceito fechado.
Por mais de 40 anos, entre uma "Friday I'm In Love" e outra "The Lovecats", Robert Smith cantou sobre a falta de esperança em um mundo prestes a se esfacelar. - e é difícil não ver uma certa ironia em "Endsong" quando ele diz estar se lembrando das esperanças e sonhos que um dia teve.
A diferença é que, agora, com o compositor tendo completado 65 anos, o que antes era um estado de espírito, ou simplesmente poesia, agora está sendo vivido na prática. Ouvi-lo agora cantar "Eu sei, eu sei, que meu mundo envelheceu e nada é para sempre" ou "Estou lá fora no escuro me perguntando como fiquei tão velho", certamente soa mais verdadeiro, e triste, do que, por exemplo, "não importa se todos nós morrermos", o famoso verso que abria o álbum "Pornography", lançado quando Smith tinha 23 anos.
Talvez por isso, a canção mais arrebatadora do álbum seja "I Can Never Say Goodbye", escrita para seu irmão Richard Smith, morto na década passada, assim como os seus pais.
"Songs Of A Lost World" pode não ser um álbum para todos - difícil pensar em algo mais fora da curva no atual cenário do mainstream música pop e rock - mas não vai decepcionar os fãs e aqueles com algum tipo de angústia espiritual. E hoje em dia quem não as tem?
Ouça:
"Songs Of A Lost World" tem as eguintes músicas:
1 - "Alone"
2 - "And Nothing Is Forever"
3 - "A Fragile Thing"
4 - "Warsong"
5 - "Drone:Nodrone"
6 - "I Can Never Say Goodbye"
7 - "All I Ever Am"
8 - "Endsong"
Veja também a performance especial que o The Cure fez para a BBC:
Se, de maneira simnples, os discos da banda podem ser divididos em dois grupos - o dos trabalhos densos e o dos mais, digamos, "ensolarados", este certamente está no primeiro grupo fazendo companhia para "Pornography", "Faith", "Bloodflowers" e principalmente "Disintegration", o LP de 1989 que acabou por se tornar o definitivo da banda inglesa.
A diferença é que, ao menos nas primeiras audições, este é um álbum sem alguma canção com cara de hit single, mesmo que seja possível imaginar algumas dessas músicas ganhando espaço permanente nos setlists dos shows e tornando-se favoritas dos fãs - "A Fragile Thing" e bela "And Nothing Is Forever" sendo dois bons exemplos.
É curioso também que apesar da expectativa enorme, Robert Smith, que, pela primeira vez desde 1984 assina sozinho todas as composições, não viu problema em mostrar várias dessas faixas ao vivo. Cinco das oito músicas, metade delas com mais de seis minutos, já eram conhecidas em versões de shows - no Brasil, em dezembro do ano passado, a banda tocou três delas: "Alone", "Endsong" e a já citada "And Nothing Is Forever".
Obviamente há uma grande diferença em ouvir uma faixa em um vídeo de fã, ou mesmo em um concerto, e em sua versão definitiva e dentro de um álbum com um conceito fechado.
Por mais de 40 anos, entre uma "Friday I'm In Love" e outra "The Lovecats", Robert Smith cantou sobre a falta de esperança em um mundo prestes a se esfacelar. - e é difícil não ver uma certa ironia em "Endsong" quando ele diz estar se lembrando das esperanças e sonhos que um dia teve.
A diferença é que, agora, com o compositor tendo completado 65 anos, o que antes era um estado de espírito, ou simplesmente poesia, agora está sendo vivido na prática. Ouvi-lo agora cantar "Eu sei, eu sei, que meu mundo envelheceu e nada é para sempre" ou "Estou lá fora no escuro me perguntando como fiquei tão velho", certamente soa mais verdadeiro, e triste, do que, por exemplo, "não importa se todos nós morrermos", o famoso verso que abria o álbum "Pornography", lançado quando Smith tinha 23 anos.
Talvez por isso, a canção mais arrebatadora do álbum seja "I Can Never Say Goodbye", escrita para seu irmão Richard Smith, morto na década passada, assim como os seus pais.
"Songs Of A Lost World" pode não ser um álbum para todos - difícil pensar em algo mais fora da curva no atual cenário do mainstream música pop e rock - mas não vai decepcionar os fãs e aqueles com algum tipo de angústia espiritual. E hoje em dia quem não as tem?
Ouça:
"Songs Of A Lost World" tem as eguintes músicas:
1 - "Alone"
2 - "And Nothing Is Forever"
3 - "A Fragile Thing"
4 - "Warsong"
5 - "Drone:Nodrone"
6 - "I Can Never Say Goodbye"
7 - "All I Ever Am"
8 - "Endsong"
Veja também a performance especial que o The Cure fez para a BBC: