Mesmo com uma carreira que ultrapassa as cinco décadas, o violinista David Cross tem ciência de que sempre será lembrado pelo curto período em que foi integrante do King Crimson.
Pode parecer pouco, mas não quando se ajduou a criar três dos maiores marcos do rock progressivo, e não só: "Larks' Tongues in Aspic" (1973), "Starless and Bible Black" (1974) e "Red", também de 1974 e já sem a sua presença na formação, mas ainda com a sua marca (ele ajudou a compor as duas músicas do lado B e tocou em uma delas).
A David Cross Band esteve na quinta-feira (28) em São Paulo para show único, e esgotado, na simpática Casa Rockambole, em Pinheiros celebrando principalmente esse material. Com uma plateia atenta e reverente, os celulares raramente foram vistos, Cross e seus músicos garantiram uma noite inesquecível para os fãs do gênero.
A maior dificuldade de se levar ao palco essas músicas é a incrível complexidade delas. Portanto, um time de primeira se faz necessário. Felizmente, o veterano de 75 anos encontrou essas pessoas na figura do baixista Mick Paul (também vocais), o guitarrista e vocalista John Christian Mitchell, com a complicadíssima missão de fazer o papel de Robert Fripp, o líder do Crimson, a tecladista Sheila Maloney e o baterista Jeremy Stacey, este último dono de um currículo extenso e variado - ele integrou os High Flying Birds de Noel Gallagher e gravou, ou tocou ao vivo, com dezenas de grandes nomes.
Mais importante, ele foi membro da derradeira formação do KC, tendo sido um dos três bateristas que tocou em São Paulo e no Palco Sunset do Rock in Rio na única visita do grupo ao país, em 2019.
O show de São Paulo foi dividido em três blocos. No primeiro, além de "Red" e "The Great Deceiver", do Crimson, foram mostradas quatro músicas da David Cross Band, que não destoaram do prato principal, mesmo com uma sonoridade que remete mais a um tipo de rock progressivo menos pop dos anos 80, ainda que todas sejam composições lançadas no século 21.
O segundo bloco teve o que o público esperava: a execução na íntegra de "Larks' Tongues..." de maneira exemplar, ou seja, em versões respeitosas, mas que não podem ser chamadas de meras cópias do original. Para encerrar, um bis com a longa "Starless", de "Red" no momento de maior lirismo da noite.
Na saída, a comparação com os shows do King Crimson foram inevitáveis, com muita gente dizendo ter até preferido essa performance ao da banda original, o que mostra o sucesso da noite.
O fato é que, ao menos que ele mude de ideia, o que não parece ser o caso, Robert Fripp aposentou de vez o grupo que fundou no final dos anos 60. Portanto, os projetos de ex-membros, como esse, se mostram a única oportunidade para se ouvir essa música ao vivo.
Agora é torcer para que o Beat - outra banda derivada, essa dedicada a tocar o material do Crimson nos anos 80, também traga sua turnê para o Brasil.
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Pode parecer pouco, mas não quando se ajduou a criar três dos maiores marcos do rock progressivo, e não só: "Larks' Tongues in Aspic" (1973), "Starless and Bible Black" (1974) e "Red", também de 1974 e já sem a sua presença na formação, mas ainda com a sua marca (ele ajudou a compor as duas músicas do lado B e tocou em uma delas).
A David Cross Band esteve na quinta-feira (28) em São Paulo para show único, e esgotado, na simpática Casa Rockambole, em Pinheiros celebrando principalmente esse material. Com uma plateia atenta e reverente, os celulares raramente foram vistos, Cross e seus músicos garantiram uma noite inesquecível para os fãs do gênero.
A maior dificuldade de se levar ao palco essas músicas é a incrível complexidade delas. Portanto, um time de primeira se faz necessário. Felizmente, o veterano de 75 anos encontrou essas pessoas na figura do baixista Mick Paul (também vocais), o guitarrista e vocalista John Christian Mitchell, com a complicadíssima missão de fazer o papel de Robert Fripp, o líder do Crimson, a tecladista Sheila Maloney e o baterista Jeremy Stacey, este último dono de um currículo extenso e variado - ele integrou os High Flying Birds de Noel Gallagher e gravou, ou tocou ao vivo, com dezenas de grandes nomes.
Mais importante, ele foi membro da derradeira formação do KC, tendo sido um dos três bateristas que tocou em São Paulo e no Palco Sunset do Rock in Rio na única visita do grupo ao país, em 2019.
O show de São Paulo foi dividido em três blocos. No primeiro, além de "Red" e "The Great Deceiver", do Crimson, foram mostradas quatro músicas da David Cross Band, que não destoaram do prato principal, mesmo com uma sonoridade que remete mais a um tipo de rock progressivo menos pop dos anos 80, ainda que todas sejam composições lançadas no século 21.
O segundo bloco teve o que o público esperava: a execução na íntegra de "Larks' Tongues..." de maneira exemplar, ou seja, em versões respeitosas, mas que não podem ser chamadas de meras cópias do original. Para encerrar, um bis com a longa "Starless", de "Red" no momento de maior lirismo da noite.
Na saída, a comparação com os shows do King Crimson foram inevitáveis, com muita gente dizendo ter até preferido essa performance ao da banda original, o que mostra o sucesso da noite.
O fato é que, ao menos que ele mude de ideia, o que não parece ser o caso, Robert Fripp aposentou de vez o grupo que fundou no final dos anos 60. Portanto, os projetos de ex-membros, como esse, se mostram a única oportunidade para se ouvir essa música ao vivo.
Agora é torcer para que o Beat - outra banda derivada, essa dedicada a tocar o material do Crimson nos anos 80, também traga sua turnê para o Brasil.
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