A Justiça do Rio de Janeiro determinou a exclusão da faixa "Million Years Ago", da estrela Adele, de todas as plataformas digitais, tanto no Brasil quanto em outros países. A decisão veio após o compositor Toninho Geraes, autor do sucesso "Mulheres", acusar a música britânica de apresentar elementos semelhantes à sua própria obra, sucesso na interpretação de Martinho da Vila. Segundo a ordem judicial, as semelhanças são evidenciadas por uma "incontestável proximidade entre as melodias".

Fredimio Biasotto Trotta, advogado de Toninho, classificou o caso como um marco no reconhecimento de direitos autorais de compositores brasileiros. Na avaliação apresentada, foi alegado que Adele e seu parceiro musical e produtor Greg Kurstin, coautor da canção, "incorporaram aspectos fundamentais da introdução, refrão e conclusão" de "Mulheres".

A perícia técnica identificou que 88 compassos foram replicados, correspondendo a aproximadamente 87% da composição. Desde o lançamento do álbum "25"m de Adele, em 2015, os paralelos entre as obras não passaram despercebidos e geraram debate.

A decisão judicial não se limita ao território brasileiro, estendendo-se globalmente com base em acordos internacionais como a Convenção de Berna. Assim, serviços de streaming mundialmente devem obedecer à decisão, estando sujeitos a multas diárias de R$ 50 mil em caso de descumprimento. Além disso, os envolvidos — incluindo Adele, Greg Kurstin e gravadoras como Sony e Universal — precisam apresentar defesa. A ação também pede indenizações que totalizam mais de R$ 1 milhão por danos materiais e morais.

Toninho reiterou em entrevistas a relevância de "Mulheres" para sua trajetória. A música, lançada em 1995, é vista não apenas como um clássico da MPB, mas também como uma obra que ganhou admiradores internacionalmente. "Essa vitória é da música brasileira, que precisa ser respeitada globalmente," afirmou Trotta ao site UOL Splash.

Um vídeo no Youtube mostra a semelhança entre as duas obras. Veja abaixo: