Outro sol acaba de nascer Me diz que ainda posso, que ainda posso ser Bem mais do que fui, melhor amanhã Ainda temos o hoje, bom dia Vietnã Lágrimas coleciono como medalha Deus da criação, pecadora e falha
Toalha, quantas vezes pensei jogar Mas algo me dizia continua a lutar Remar é necessário, nadar contra a maré E que a maldade do mundo nunca arranque minha fé
Tô de pé, pronto pra levantar se cair Qual que é? Pra ganhar Num olhar quem fingir Tô aqui pra insistir e sorrir minha cota Mas só quero o que é meu, sem o pilantra na bota Idiota se abre igual puta, mas não tem xota De boa intenção, Jão, que o inferno lota Quando precisei solidão foi abrigo A lama afasta amigo, e a fama chama inimigo
Eu vi na calada luxo virar bicho E também as flores que nasceram do lixo O boy se acha herói, por fumar beck do pai Heroína é minha coroa que me criou sem pai E eu sei que o mundo cai em sua volta corrompido Nocivo sigo vivo entre mortos e feridos Não dá pra voltar no tempo já perdido A palavra dita e o coração partido Do amor bandido, através da cela A morte do amigo, sangue na viela
Eu não vi arco-íris quando abri a janela Pra tentar compor só o amor pra minha bela Quando lembrei de quem sofre na favela O meu peito fica vazio, igual as panela "Os barraco de madeirite a cena é triste!" Só eu sei o bem que ela me faz, não dá mais pra ter paz sem amor Não dá mais pra ter paz sem amor, eu luto por amor!
Amor de verdade distante de prateleira Amor sem clichê, nem dublê na trincheira Guarde sua carteira, mostre só seu coração E tire o ódio do menor que tá bolado com o canhão Faça golias beijar o chão, só com o poder de sorrir Ilumina meu dia, igual guerreiro Davi Meu guri, uma nova vida pra sonhar Mais uma emoção, cê vai novamente tentar Outra chance pra fazer, fazer o meu melhor Apenas meu melhor, mas não maior do que ninguém
O que faz do homem um rei, a humildade que ele tem O ego só faz refém, o cego não enxerga além Há males que vem pro bem, me diz quem é feliz na dor E quando a saudade vem derruba até gladiador Bagunça, toca o terror Tira do crente, foca no louvor Do fel sentindo sabor, nessa calada sombria
Na madrugada fria, ó pai que me guia Peço mais sabedoria pra compor poesia Quem diria que um dia eu ia conhecer o Brasil Pesado pique de fuzil, mas não dentro de um camburão Ao contrário do que disse meu tio Esse aí é igual o pai, quando crescer vai virar ladrão E com microfone na mão, fui na contramão do destino Duas meninas que pago pensão, ainda compro o leite pro menino
Fogo no fino desse marroquino Maloca latino, granada sem pino Desde pequenino o rap é meu hino E no muro assino no dom que é divino Aprendo e ensino no flow que defino como girino
Nós devemos evoluir Como meu pai eu tomei de assalto Fiz muita gente levantar a mão pro alto Do morro pro asfalto faço minha correria Invadindo as residência armado com poesia Paz pras quebrada, paz no coração