Quando canto uma milonga Eu cresço uns metros de altura Nem o minuano segura Alma e cordas que resonga Minha mirada se alonga Quando largo cada verso O amargo e o triste disperso Num lírico manotaço Cada sentença é um balaço Às coisas do universo.
Com a milonga nasci Lá nos pagos missioneiros Payador e guitarreiro Do meu rincão guarany Amar a terra aprendi Com mia guitarra na mão Conheci muita lição Que nos nega a sociedade Monstrengo de faculdade Tentam nos dar mais não dão.
Milonga que vem da pampa De nobre estirpe gaudéria Ora triste ora séria Que na América destampa. Nos palacetes se acampa Nasce e vive nos galpões Redemunhando ilusões Na alma dos cruzadores Onde os poetas e cantores Extravasam emoções.
És a prenda nacional Quando te evoca o surenho E nas mãos de algum nortenho Que vem da banda oriental No Brasil meridional És a lírica bandeira Quando em rondas galponeiras Um payador missioneiro Num sapucai de guerreiro Te evoca de mil maneiras.
E muitos tentam fazer Chorando o que eu faço rindo Se cantar tudo vem lindo Se tocar vejam pra crer Quem duvidar venha ver Um missioneiro trovando Sem querer estou louvando A terra onde nasci O meu rincão guarany Que eu hei de morrer cantando.
Compositor: Noel Fabricio da Silva (Noel Guarany) ECAD: Obra #1840133