Meu patrão, estou chegando
Eu venho vindo da roça
O suor está grudando
Minha camisa nas costas

Pra dar conta do serviço
Trabalhei o dia inteiro
Mas vim pedir pro senhor
Me faça um grande favor
Eu preciso do dinheiro

Minha mãe está doente
Foram na roça avisar
Eu vou levar ela urgente
Para um doutor consultar

Eu vou ficar lhe devendo
Estou sendo verdadeiro
Patrão, me ajude agora
Por Deus e Nossa Senhora
É grande o meu desespero

O patrão lhe respondeu
Dinheiro é no fim do mês
Nunca fiz adiantamento
Não me peça outra vez

Leve ela a um benzedor
Ou em algum curandeiro
Entenda, meu bom rapaz
Não volto a palavra atrás
Não me fale em dinheiro

Então eu fui pra cidade
Com o doutor fui falar
O doutor me respondeu
É só depois que me pagar

Se não tem pegue emprestado
A quantia que eu lhe cobro
Com o coração em brasa
Eu voltei pra minha casa
Minha mãe já estava morta

Quando no caixão saiu
A tristeza foi demais
Sepultei minha mãezinha
Num pranto cheio de ais

Pro coração do roceiro
Foi um golpe demais profundo
Não pude salvar a vida
Da mãezinha tão querida
Meu maior amor do mundo

Como tem gente ruim
Nesse mundo de maldade, ai
Entreguei nas mãos de Deus
A justiça da verdade, ai, ai, ai

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)