Letreiro em neon, visual requintado Gerente enrustido, garçom afetado Carta de vinho no couro dourado Camarão com sotaque, tofu defumado É point da moda, não sai dos jornais Cheio de frescuras e artistas globais Toilet exalando perfume, florais Pitboys patricinhas falando demais Em boteco de grife eu não piso jamais
Eu sinto saudade dos meus botequins Salão e cozinha pra lá de chinfrim Feijão mocotó fervendo na panela E um gato dormindo em cima da janela Pastel, empadinha, jiló na terrina Banheiro com cheiro de naftalina O porre, a paquera, a conversa fiada E a dor de corno que virou piada Nos meus botequins a vida era engraçada
Eu sinto saudade dos meus botequins A conta assinada num velho papel Cardápio na porta escrito a giz Azulejo pintado com anjo no céu O samba na mesa de mármore antigo O ovo colorido enfeitando o balcão A cerveja gelada tirando o juízo E os sonhos cobrindo a serragem no chão E no alto o São Jorge matando o dragão
Compositores: Paulo Roberto Ferreira de Castro (Paulinho de Castro), Luis Cunha Pimentel (Luis Pimentel) ECAD: Obra #11862744