Era ou num era memória? Era alucinação Ser alguém de outra história Era só ilusão Desvendar o olhar Ver além da visão Desvairar o pensar Dispensar a razão
Desprender-me na estrada Ser a estrada sem fim Sendo assim, sem chegada Ir-me embora de mim Despedir-me dos meus Quase desexistir Desarmar-me de deus Ser mais eu e partir
Vida: me diga que enigma me deu Fui autodidata, pirata, plebeu Fui negro, magnata, filósofo, ateu Um astronauta solto no ar
Vida: me diga se o estigma valeu Se a noite era dia e o dia era breu Na dor mais doída que a gente sofreu Nos sonhos de quem vive a sonhar?
Onde, quem, quando, agora? Beira de tempo algum Ser de dentro pra fora Ninguém é só mais um Deslembrar de onde vim Ser assim outro alguém Pelo avesso de mim Ser eu mesmo também
Vida: me diga que enigma me deu Fui monge, sem-teto, arquiteto, pigmeu Fui rei, psicopata, internauta, judeu Um homem-bomba na multidão
Vida: me diga se o estigma valeu Se a noite era dia e o dia era breu Se mais nada havia, nem sonho e nem eu A vida era poesia ou não?
Era ou num era memória? Era história ou ficção? Um cavalo de tróia Dentro do coração
Compositores: Paulo Roberto Barroso (Paulo Barroso), Arnaldo Augusto Afonso ECAD: Obra #10779458 Fonograma #11339474