O meu pai era vaqueiro numa fazenda esquisita Quando pequeno fui vítima duma doença maldita Ele pra beira da estrada me levou passando mal Tentando pegar um carro pra irmos ao hospital Ficou no meio da estrada logo que um carro surgiu O qual parou bruscamente que a poeira cobriu Uma mulher dirigia baixou o vidro e falou Eu estou com tanta pressa porque que me atrapalhou
Meu pai falou é meu filho que está mal de morrer Nos leve até a cidade cobre o que merecer Ela falou vá a pé sofrer pra pobre é comum Meu carro é novo e tá limpo não sujo com qualquer um
E acelerou o carro que o chão estremeceu Meu pai baixou a cabeça um lágrima desceu Falou embargando a voz ouvindo meus tristes ais Já ouvi não que doeu mas esse doeu demais
Depois um filho de deus em um caminhão de gado Nos levou sem cobrar nada ligeiro eu fiquei curado Fui crescendo e trabalhando e aos vinte anos de idade Consegui montar um grande frigorifico na cidade
Um dia ao meu escritório uma senhora adentrou Com ar de preocupada timidamente falou Senhor fui dona de carro dinheiro casa e hotel Tudo se acabou e hoje vivo pagando aluguel
Minha filha é estudante quer fazer vestibular Precisa pagar cursinho não tenho com que pagar Para pagar pelo menos parte dos estudos dela Vê se no seu frigorifico tem um emprego pra ela
Reconheci a mulher mas não quis comentar nada Disse apenas sua filha por mim já tá empregada A moça era inteligente muito estudiosa e bela Terminou os seus estudos depois me casei com ela
Um dia a mãe dela disse você nunca me falou Quem são seus pais e aonde nasceu e como enricou Quero saber a origem do homem que sempre quis Me ajudar e fazer minha filha tão feliz
Respondendo a ela eu disse já que quer saber quem sou Sou o filho do vaqueiro que a senhora deixou Lá na beira da estrada exposto a sol vento e barro E não me trouxe porque não ia sujar seu carro
Ela ficou muito triste mas eu falei educado O mal se paga com o bem já esqueci o passado Só quero que não esqueça que grande é deus de davi O mundo dá muitas voltas quem deve aqui paga aqui
Compositores: Francisco Luis Rodrigues Lima (Luizinho de Iraucuba), Francisco Costa do Nascimento (Paulo de Iguatu) ECAD: Obra #2819674