Paulo de Iguatu
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Saudade do Sertão

Paulo de Iguatu


Minha volta da roça era marcada
Na chegada de casa com fartura
Uma dez polegadas na cintura
Uma calça de mescla remendada
Numa mão a cabaça pendurada
No jumento uma carga de ração
Na cabeça uma trouxa de feijão
Que eu nem sei como era que eu podia

Se saudade matasse eu morreria
Recordando o meu tempo no sertão

Marmeleiro jurema ou catingueira
Acendia um fogão que mamãe tinha
Entre os troços mais uteis da cozinha
Um pilão duma tora de aroeira
No lugar de botar a geladeira
Tinha um pote de barro preso ao chão
Nossa fonte de agua um cacimbão
Não chegava a gelar mas era fria

São lembranças nas quais eu me intercalo
Que me levam pra o ontem com meus pais
Onde para os passeios semanais
O veiculo de luxo era um cavalo
Nosso despertador a voz do galo
O profeta das chuvas o carão
E pra nos dá segurança e proteção
Nosso cão vira lata era o vigia

Qualquer coisa virava brincadeira
Desde um simples pinhão ao corrupio
Quando eu não transitava no baixio
Perseguindo preá de baladeira
Num cavalo de pau dava carreira
Que ficava morrendo de exaustão
Que o cavalo era só uma ilusão
Na verdade era eu mesmo quem corria

Compositor: Francisco Costa do Nascimento (Paulo de Iguatu)
ECAD: Obra #37716510

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