Amei-te nas horas, minutos contados Na rota de dias muito mal dormidos Menti-te em encontros sempre clandestinos Ficavas nervosa porque nunca sais Tu foste-me sempre um pouco de menos Mas sendo-me sempre um pouco demais
O tempo gritando e a estrada que chama À pressa me vou, deixo fria a cama E ficas à espera, de novo sozinha Novela engolida, vista na cozinha E dou-te da rua dois simples acenos Tu foste-me sempre um pouco de menos
E quando te vejo na noite velada E ralhas comigo porque eu não entendo Eu calo-te a boca cobrindo de beijos Tu dizes "que raiva"e "porque me trais" Sei que tens razão- nem eu compreendo Tu foste-me sempre um pouco demais
Recordas enredos da trama emprestada Coisas aprendidas em filmes que vês E contas-me histórias repletas de nomes Intrigas com beijos, queixumes, venenos Conversas da treta, repletas de nada Tu foste-me sempre um pouco de menos
Mas há pressa de entrar nessa boca tenra De lábios gulosos de língua tremendo E rasgo-te a roupa, enquanto tu cais Se tu me faltasses eu morria um pouco Se tu me faltasses eu morria louco Tu foste-me sempre um pouco demais
Por isso não sei, nem quero saber Deixai-nos voar enquanto podemos Só somos verdade no que acontecemos O resto é mentira, nós bem o sabemos O resto não conta, nem vem nos jornais
Tu foste-me sempre um pouco de menos Tu foste-me sempre um pouco demais.