Olha a cacimba Bate o olho no espelho da barrenta água vermelha Que se espalha imaculando o outro eu que vive dentro Remoendo a dor da gente Que incendeia o coração prá te fazer chorar
Não fique triste meu amor Se o mundo ainda é bom Mesmo que o fel e a flor sejam do mesmo tom
Eu não lhe digo Eu não lhe digo é nada que você não queira ouvir Martelando a sua alma indiferente Que se cala na miséria, no abuso No silêncio, no escuro que te pela de medo Quem é que vai me dizer Se já não sou ninguém
Quem é que pode saber dizer amém No céu um dedo De Deus um dedo
Basta um dedo de Deus Se ele quiser te queimar Basta um dedo de Deus Se ele quiser perdoar
O tempo nunca pára Agora acabou de passar Nesse momento se perdeu na encruzilhada lá em riba do quintal Onde tem um pé de tempo Que nasceu do bom rebento do Senhor do Livramento
Cantar prá mó de espantar Tudo que for ruim Se a vida tem que acabar que seja até o fim
Cada pessoa Carregando a sua cruz no descaminho Da beirada da estrada que não leva prá lugar No lombo as sete chagas do menino Que morreu e cozinhou no sol a pino Olhe bem dentro de mim Diga se vê o mar rasgando o seco daqui prá me afogar
Compositor: Periandro Cordeiro Nogueira (Peri) ECAD: Obra #249959 Fonograma #1455158