Meninas negras não brincam bonecas pretas! Pretas!
Tô cansada do embranquecimento do Brasil Preconceito racismo como nunca se viu Meninas negras não brincam com bonecas pretas Foi a Barbie que carreguei até a minha adolescência Porque não posso andar no estilo da minha raiz Sempre riam do meu cabelo e do meu nariz Na novela sou empregada Da globo sou escrava Não me dão oportunidade aqui pra nada Sou revolucionária negra consciente Não uso corpo, eu não me mostro eu uso a mente Só afro descendente você vai ter que me aceitar assim Cabelo enraizado é bom pra mim Patrão puto que não me contrata na sua empresa Porque não tenho olho claro, ele não me aceita Eu entro no seu comércio Eu gasto, eu consumo Ai você me aceita Isso é um absurdo Dinheiro não tem cor, mais pra trabalhar tem Há muitos negros vencedores Eu digo amém Negra mudando de cor não é normal Pra poder ser aceita no país do real Não troco minha raça Por nada essa é minha casa Mais uma negra militante mostrando a cara Branco correndo tá atrasado Preto correndo tá armado E é tiro da policia para todos os lados Genocídio cresce no meu povo negro Porque temos que morrer Só porque somos pretos Policia racista, raça do diabo Estão nas ruas correndo Pra todos os lado Com sangue no olho, em desespero Pego o negro estudante e fala que é suspeito
20 de novembro, não nasceu por acaso Zumbi Palmares lutou e foi executado Teve sua cabeça cortada, salgada e espetada Num poste em Recife na luta pela causa Sou quilombola, descendente do guerreiro Zumbi Não é você sistema opressor que vai me impedir de sorrir 13 de maio a Falsa Abolição, dos escravos A princesinha nos livrou e nos condenou O sistema fez ela passar como adoradora Não nos deu educação e nem informação Lei do sexagenário ai foi tiração Libertaram os negros velhos, sem nenhuma condição Lei do Ventre livre ou do condenado Pequenos negros sem pai, para todos os lados Na escola não aprendi Aprendi na escola da vida Estudei me informando atrás de sabedoria Nossa cultura esquecida Apagada e queimada Na escola nunca ouvir Falar de Dandara Somos obrigados aprender o que é de fora Europa Oriente, essa cultura não é nossa Discriminam as religiões afro brasileira Falando que é do diabo Que é coisa feia Mais temos que se mexer para acreditar Pra obter conquista é preciso reivindicar
Meninas negras Não brincam com bonecas (refrão Somos todos iguais Porque você me rejeita
Dominam os meus pensamentos Como grande líder negro Eu não espero e vou a luta De tudo o que quero Sou puro sangue envenenado Corpo mente e alma Não tenho medo de nada Brasil é minha casa Honro minha raiz Luto pela minha cor Tudo o que busco é por nós E faço com amor Cabelo pixa-in, da pele preta Aparência não me rebaixa, porque amo ser negra Sou mais uma guerreira que como Dandara Quero conhecer o meu passado E família na África
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança "Que se fez de boazinha aquela cretina" Assinou abolição, sem nos dar esperança Que lutou subiu, quem não lutou ainda espera Quilombos formados Hoje codinome favela Algemas minhas verdades Ninguém é dono dela Queimar arquivos não consolam os negros dessa terra A porcentagem não sei, por isso não citarei A grande parte dos carentes são negros eu sei Rei de quilombos que foram no passado De sua terra natal, foram arrancados Agora tentam esconder com cotas de igualdades Se a maior parte do preconceito Está na faculdade Eu não consigo me ver tomando chibatada Roupa rasgada na mata violentada Brasil o primeiro em miscigenação Mistura de raça camufla a História da nação Algemas no punho e nos pensamentos Ainda somos escravos mesmo não querendo A luta continua só você não ver Abra os olhos que ninguém abrirá pra você Olha lá, olha lá Mais um navio negreiro Mais mão de obra de graça Pros canavieiros Será que a história da época Era a mesma de hoje Promessas de empregos Que iludem a cabeça dos negros Muitos morreram antes da liberdade sonhada Gotas de sangue escorriam do couro da chibata Lágrimas derramadas pra muitos foram piadas Soltos das correntes Sem poder voltar pra casa
Meninas negras Não brincam com bonecas (refrão) Somos todos iguais Porque você me rejeita