Raul Torres
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Sabiá Triste

Raul Torres


participação de Jaime Vogeler


Meu sabiá, meu sabiá
Não quer mais cantá
Não quer mais cantá
Pois a noite é escura
Pois a noite é escura
Não se vê luá
Não se vê luá
Tá fazendo ninho
É pra descansá

Sô cantado, já cantei na minha terra
Fica lá em riba da serra
Dos lados do lagamá
Eu comecei no primeiro de janeiro
Cantei doze mês inteiro
Só parei lá no natá

Meu sabiá, meu sabiá
Não quer mais cantá
Não quer mais cantá
Pois a noite é escura
Pois a noite é escura
Não se vê luá
Não se vê luá
Tá fazendo ninho
É pra descansá

Eu quando vejo uma cabôca perfumada
Com a cabeça enfeitada
De flor de maracujá
Pego no pinho e meu coração no peito
Passa pro lado direito
Com vontade de sambá

Meu sabiá, meu sabiá
Não quer mais cantá
Não quer mais cantá
Pois a noite é escura
Pois a noite é escura
Não se vê luá
Não se vê luá
Tá fazendo ninho
É pra descansá

Por causa duma caboquinha que eu conheço
É que eu sofro e padeço
E passo a vida a cantá
Quando ela passa co lencinho no cangote
Meu coração dá pinote
Qué saí pra acompanhá

Meu sabiá, meu sabiá
Não quer mais cantá
Não quer mais cantá
Pois a noite é escura
Pois a noite é escura
Não se vê luá
Não se vê luá
Tá fazendo ninho
É pra descansá

Quando eu morrê eu quero morrê cantando
No meu pinho rasqueteando
Inté o peito arrebentá
Meu coração quando ele ficá sozinho
Há de ir pelos caminho
Inté pode tê encontrá

Meu sabiá, meu sabiá
Não quer mais cantá
Não quer mais cantá
Pois a noite é escura
Pois a noite é escura
Não se vê luá
Não se vê luá
Tá fazendo ninho
É pra descansá

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)

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