Tordilho Negro
Correu notícia que um gaúcho
Lá da estância do Paredão
Tinha um cavalo tordilho negro
Foi mal domado, ficou redomão
Este gaúcho dono do pingo
Desafiava qualquer peão
Dava o tordilho negro de presente
Pra quem montasse sem cair no chão
Eu fui criado na lida de campo
Não acredito em assombração
Fui na estância topar o desafio
Correu boato na população
Foi num domingo, clareava o dia
Puxei o pingo e o povo reuniu
Joguei os trastes no lombo do taura
Murchou a orelha, teve um arrepio
Botei a ponta da bota no estribo
Alguns gaiatos por perto sorriu
Ainda disseram, comigo eram oito
Que pôs a perna, montou e caiu
Saltei no lombo e gritei pro povo
Este será o último desafio
Tordilho negro berrava na espora
Por vinte horas ninguém mais nos viu
Mais de uma légua o pingo corcoveou
Manchou de sangue a espora prateada
Anoiteceu, o povo pelo campo
Procurava eu morto pelas invernadas
Compraram velas, fizeram um caixão
A minha alma estava encomendada
A meia-noite mais de mil pessoas
Desistiu da busca desacorçoada
Dali a pouco ouviram um tropel
Olharam o campo, noite enluarada
Eu vinha vindo no tordilho negro
Feliz saboreando uma marcha troteada
Trancei as pernas na frente do povo
Deixei a rédea arrastar no capim
Lavado em suor o tordilho negro
Ficou pastando em roda de mim
Tinha uma prenda no meio do povo
Muito gaúcha, eu falei assim
Venha provar a marcha do tordilho
Faça um favor e monte de selim
Andou no pingo mais de meia hora
Deu-me uma rosa lá do seu jardim
Levei pra casa o meu tordilho negro
Mais uma história que chega ao fim
Compositor: Vitor Mateus Teixeira (Teixeirinha)
ECAD: Obra #27090 Fonograma #27777181Ouça estações relacionadas a Rodrigo Mattos e Praiano no Vagalume.FM