Eu ia saindo, ela estava ali No portão da frente Ia até o bar, ela quis ir junto "tudo bem", eu disse Ela ficou super contente Falava bastante, O que não faltava era assunto Sempre ao meu lado, Não se afastava um segundo Uma companheira que ia a fundo
Onde eu ia, ela ia Onde olhava, ela estava Quando eu ria, ela ria Não falhava
No dia seguinte ela estava ali No portão da frente Ia trabalhar, ela quis ir junto Avisei que lá o pessoal era muito exigente Ela nem se abalou "o que eu não souber eu pergunto" E lançou na hora mais um argumento profundo Que iria comigo até o fim do mundo
Me esperava no portão Me encontrava, dava a mão Me chateava, sim ou não? Não
De repente a vida ganhou sentido Companheira assim nunca tinha tido O que fica sempre é uma coisa estranha É companheira que não acompanha
Isso pra mim é felicidade Achar alguém assim na cidade Como uma letra pra melodia Fica do lado, faz companhia
Pensava nisso quando ela ali No portão da frente Me viu pensando, quis pensar junto "pensar é um ato tão particular do indivíduo" E ela, na hora "particular, é? duvido" E como de fato eu não tinha lá muita certeza Entrei na dela, senti firmeza
Eu pensava até um ponto Ela entrava sem confronto Eu fazia o contraponto E pronto
Pensar assim virou uma arte Uma canção feita em parceria Primeira parte, segunda parte Volta o refrão e acabou a teoria
Pensamos muito por toda a tarde Eu começava, ela prosseguia Chegamos mesmo, modéstia à parte A uma pequena filosofia
Foi nessa noite que bem ali No portão da frente Eu fiquei triste, ela ficou junto E a melancolia foi tomando conta da gente Desintegrados, éramos nada em conjunto Quem nos olhava só via dois vagabundos Andando assim meio moribundos
Eu tombava numa esquina Ela caía por cima Um coitado e uma dama Dois na lama
Mas durou pouco, foi só uma noite E felizmente Eu sarei logo, ela sarou junto E a euforia bateu em cheio na gente Sentíamos ter toda felicidade do mundo Olhava a cidade E achava a coisa mais linda E ela achava mais linda ainda
Eu fazia uma poesia Ela lia, declamava Qualquer coisa que eu escrevia Ela amava
Isso também durou só um dia Chegou a noite acabou a alegria Voltou a fria realidade Aquela coisa bem na metade Mas nunca a metade foi tão inteira Uma medida que se supera Metade ela era companheira Outra metade, era eu que era
Nunca a metade foi tão inteira Uma medida que se supera Metade ela era companheira Outra metade, era eu que era
Compositor: Luiz Augusto de Moraes Tatit (Luiz Tatit) ECAD: Obra #95147 Fonograma #1357378