Do tempo que eu fui peão E eu nem gosto de lembrá De um transporte que eu fiz Lá de Goiás pra Cuiabá
Num dia de sexta-feira Vejam só o que foi se dá Quando a tarde foi caindo Deu um forte temporá
Relampiava e trovejava Clareando o mundo inteiro O temporal foi deixando Os animar em desespero
Nessa viagem nós levava Quinhentos boi pantaneiro E na frente caminhava Um boi Fumaça traiçoeiro
Mesmo embaixo de chuva Nossa viagem continuava Por não ter lugar de pouso Lá onde nós se encontrava
Meu filho era o ponteiro E na frente caminhava Repicando seu berrante E a boiada acompanhava
Chegando numa porteira Foi assim que aconteceu Seu burro não encostava E pra abri ele desceu
O boi Fumaça investiu E o menino não percebeu Nas guampa do pantaneiro Pros ar ele suspendeu
Fiquei louco nessa hora Quando meu filho gritou Eu quis sarvar a sua vida Mas já não adiantou
O chifre do boi Fumaça Com seu sangue avermelhou Minhas lágrimas sentida Com a chuva misturou
Perdi meu filho querido Nessa viagem traiçoeira Mas guardei no coração Suas palavras derradeira
Eu queria ser peão Mas findou minha carreira Papaizinho me enterre Aqui perto dessa porteira
Abandonei essa lida Meus prazer pra mim morreram Mas não posso me esquecê Daquele golpe traiçoeiro
Quando escuto um berrante Me arrepia o corpo inteiro Lembro no filho querido E o tempo que eu fui boiadeiro
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino) (SOCINPRO), Moacyr dos Santos (SICAM)Editores: Fortuna (UBC), Irmaos Vitale (SOCINPRO)Publicado em 2001 (10/Abr) e lançado em 2001 (01/Jun)ECAD verificado obra #3956254 e fonograma #2377 em 13/Abr/2024 com dados da UBEM