Tô ouvindo tiro de rojão, mas hoje não tem jogo, O que é que estão comemorando, então? O corre-corre, o desespero Pior que um filme do rambo, pior que um pesadelo O sossego é mesmo coisa escassa: Horário pra sair, horário pra voltar Pra dentro de casa A guerra começou. quem provocou? Bom seria se pudesse dizer que tudo acabou Sem colete, nem nada pra se proteger O povo se esquiva pra tentar sobreviver Fogo cerrado, calibre pesado, ninguém viu nada Ninguém fala nada Ninguém dorme sossegado Que vida é essa, meu deus? Por favor, nos ajude! Mande um anjo pra terra Peça pra nos acudir Loucura extrema, periferia-problema É melhor ficar de fora Se não conhece o esquema Os home de farda se tornaram nossos inimigos Por que a justiça diz Que todo favelado é bandido Não notaram que são iguais a você, a mim A nossa vida não tem que ser assim, não
Refrão (2x) Ninguém sabe, ninguém viu Aquele mano chegou atirando Pá e pum, caiu! Antes ele do que eu, não há mais o que fazer Deixo nas mãos de deus Foi assim que aquele mano se perdeu O mano estava sozinho, Foi assim que aquele irmão morreu E você está no caminho
Nas ruas, a pé ou não, exposto a qualquer coisa Encara tudo pra poder ganhar o pão Aquele mês foi barra-pesada Evitando conflitos, passou batido das parada errada Ontem eu passava em frente ao velório de um E na esquina ouvi pá, pá, pá, pá, bum! E a população passa horrores Nessa guerra suburbana Onde não existem vencedores A faixa etária não muda da noite pro dia O jovem vive e morre cedo na periferia É por causa da mina É por causa da droga É por causa da rixa que tem lá na escola Quem paga o preço são os pais , os amigos, os irmãos Que reconhecem o corpo estendido no chão Por isso sempre digo, volto a insistir Pense muito pra entrar Porque é difícil sair Não falo só de tráfico Roubo ou coisa e tal Tome cuidado, falo de tudo, das treta em geral Se estiver angustiado Reze ao senhor do bonfim Porque a nossa vida não tem que ser assim, não
Refrão (2 x)
Outro dia ligaram lá da cadeia pra mim: "e aí, thaíde, meu irmão, demorou de colar por aqui, tá ligado?" Também estão na luta, no apetite, como eu Devemos nos preocupar com quem sobreviveu E sobrevive numa redoma de concreto Um universo que tem seu próprio dialeto Conexão aqui fora Linha de frente, lá dentro Se não tiver atitude, pode ter um fim violento Uma pá de guerreiro Que caminha com fé Vira e mexe é usado como um joão teimoso
E faz justamente o que o diabo quer Dando motivo pra voltar lá pra dentro de novo Desemprego, ignorância, descaso estadual De um lado um livro aberto, do outro um punhal Situação difícil que pode amenizar Se cada um acreditar que também pode mudar Voltar logo pra casa Pra aqueles que te querem bem Faça uma rebelião No cérebro que você tem Aí dentro você é mais de um Aqui fora seria mais de cem Um toque que serve pra mulherada Que tá guardada também Se fosse história da carochinha Usaria o pó de pirlimpimpim Faria sumir tudo de ruim que existe por aqui A paz reinaria Em toda quebrada, enfim Porque a nossa vida não tem que ser assim, não