Tio Nanato
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Véia Baguala

Tio Nanato


Morreu um mulato véio
Com quase duzentos ano
Ficou a véia resmungando
Ali em riba da carcaça
Eu fui pra lá dá uma mão
Moiá a goela com cachaça

Eu assim de pêlo liso
Negaciando igual raposa
Quando eu ando sem muié
Faço cosca em quarquer cosa

Fincão, percebejo e purga
No rancho era uma tristeza
Não tinha banco nem mesa
Sentemo o morto no chão
Escoremo cumas pedra
E alumiemo com tição

Eu assim de pêlo liso
Negaciando igual raposa
Quando eu ando sem muié
Faço cosca em quarquer cosa

Fincão, percebejo e purga
No rancho era uma tristeza
Não tinha banco nem mesa
Sentemo o morto no chão
Escoremo cumas pedra
E alumiemo com tição

Eu assim de pêlo liso
Negaciando igual raposa
Quando eu ando sem muié
Faço cosca em quarquer cosa

Terminou o sebo do candeeiro
Fiquemo na escuridão
E eu fui assoprá o tição
Caí por riba do corpo
Peguei na perna da véia
Oigatê serviço porco

Eu assim de pêlo liso
Negaciando igual raposa
Quando eu ando sem muié
Faço cosca em quarquer cosa

Nisso acenderam um candeeiro
E eu tava desajeitado
Um facão enferrujado
Me farquejaro o ouvido
Cubiçar muié de morto
É um pecado bem comprido

Eu assim de pêlo liso
Negaciando igual raposa
Quando eu ando sem muié
Faço cosca em quarquer cosa

Eu assumi sem querê
A véia do falecido
Toma banho de vestido
Passa pitando e guspindo
De noite não deixa eu durmi
Passa roncando e tussindo

Eu assim de pêlo liso
Negaciando igual raposa
Quando eu ando sem muié
Faço cosca em quarquer cosa

Tava meia estragadinha do peito a muié véia, mas o resto tava bão!

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