Acostumar-me a outro lugar, seria em vão:
É no palco que me pode pulsar o coração
E levar sangue pro resto da matéria que me fiz
É no palco que eu me faço, que eu peço e thesso bis.

Levem-me pra uma igreja boa pra me consertar
Rezem e implorem aos santos, buda, orixá
Me tente desviar do teatro e perca seu tempo:
O holofote me ilumina e o aplauso me é bento.

Convençam-me ainda de meus dotes intelectuais
Alertem-me que são tantos outros potenciais
Que uma criança bem-dotada não pode se desperdiçar
Que meu juízo e bom senso, onde foram parar?

E lhes direi que ficaram perdidos no caminho
Deixados no ensaio, embolados nalgum figurino
E que agora já é tarde, guardem a pena pra si.
Agora a platéia já me mostrou pra que nasci.

Nasci pra isso, a música que me faz querer mais
Pra onde vou? sempre pra onde ela vai
Swing rítimo poesia verdadeira e sincera
É o que eu sinto quando você bate palma e berra

Levem-me pra uma igreja boa pra me consertar
Rezem e implorem aos santos, buda, orixá
Me tente desviar do teatro e perca seu tempo:
O holofote me ilumina e o aplauso me é bento.

O aplauso é bento seu suor sustento
Pra mais um rap que vem bem de dentro
Vês ou outra me desconserto, e me desconcentro.
Com seu olhar, mas isso passa como passa o vento.
Canto pra tu canto pra ele e não perco tempo
Pra subir tem que ter o talento de estar atento
O medo passa por mim, mas eu sei que agüento.
Medo de que se o que eu tenho é oferecimento?