Veloso e Velosinho
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Peão da Cidade

Veloso e Velosinho


Eu vi com meus próprios olhos
Foi num circo de rodeio
Na chegada dos peões
Que vieram pra um torneio
Soltaram tanto foguete
Que fizeram um bombardeio
Na hora da montaria
Que o negócio ficou feio
Soltaram um burro famoso
Que não sei da onde veio
Era só sentar no lombo
Cada pulo era um tombo
Ninguém esquentou o arreio

Surgiu um moço grã-fino
No meio da multidão
Pelo traje eu vi que era
Um homem de posição
Cabelo bem penteado
E a roupa de exportação
E a unha bem esmaltada
E anel de ouro na mão
Pra montar naquele burro
Foi pedindo permissão
Pode ser que também caio
Mas pretendo dar trabalho
Pra fama deste burrão

Os peões que beijaram a terra
Falaram com prevenção
Se este grã-fino amontá
Pode prepará o caixão
Os grã-finos da cidade
Quando qué bancá o peão
Não para nem amarrado
No lombo de um pagão
O burro tirou do lombo
Barbado da profissão
Não foi um e nem foi dois
Vamos ver o pó de arroz
Batê a cara no chão

Grã-fino entrou na arena
Carçou a espora de prata
Jogou o paletó na cerca
E apertou bem a arriata
Sentou no lombo do burro
E bambeou o nó da gravata
Cortando o burro de espora
Foi batendo de chibata
E o burro caiu de costa
Que quase que ele se mata
E o moço saltou de lado
E o burrão ficou deitado
Em cima das quatro pata

Ganhou aplauso do povo
Ganhou beijo das menina
O grã-fino contou sua vida
Bebendo numa cantina
Eu já fui peão de fama
Lá no estado de Minas
O dinheiro do papai
Que mudou a minha sina
Eu tenho na minha casa
Diploma da medicina
Tô morando na cidade
Mas sinto grande saudade
Que até hoje me domina

Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos
ECAD: Obra #6236 Fonograma #1884144

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