Se tu queres ver a imensidão do céu e mar Refletindo a prismatização da luz solar Rasga o coração, vem te debruçar Sobre a vastidão do meu penar
Rasga-o, que hás de ver Lá dentro a dor a soluçar Sob o peso de uma cruz De lágrimas chorar Anjos a cantar preces divinais Deus a ritmar seus pobres ais
Sorve todo o olor que anda a recender Pelas espinhosas florações do meu sofrer Vê se podes ler nas suas pulsações As brancas ilusões e o que ele diz no seu gemer E que não pode a tia dizer nas palpitações Ouve-o brandamente, docemente a palpitar Casto e purpural num treno vesperal Mais puro que uma cândida vestal
Hás de ouvir um hino Só de flores a cantar Sobre um mar de pétalas De dores ondular Doido a te chamar, anjo tutelar Na ânsia de te ver ou de morrer
Anjo do perdão! Flor vem me abrir Este coração na primavera desta dor Ao reflorir mago sorrir nos rubros lábios teus Verás minha paixão sorrindo a Deus
Palma lá do Empíreo Que alentou Jesus na cruz Lírio do martírio Coração, hóstia de luz Ai crepuscular, túmulo estelar Rubra via-sacra do penar
Compositores: Catulo da Paixao Cearence (Catulo da Paixao), Anacleto de Medeiros ECAD: Obra #644129 Fonograma #111143