Quando eu tinha quinze ano
Eu era um rapaz ligeiro
Andava na almofadinha
Rescendendo água de cheiro

Eu queria me casá
Eu ajustei um feiticeiro
Ai pra fazê meu casamento
Com a filha de um fazendeiro

Eu cheguei na casa deles
Vieram e me arrecebero
Mandaro eu entrá pra dentro
E logo esclarecero

Pra começar o trabaio
Nóis precisa de dinheiro
Ai essa é a nossa lei
O pagamento primeiro

Começaro a macumba
Bate o bumbo bem ligeiro
Começaro na cozinha
E saíram pro terreiro

Ele rolava no chão
Que nem porco no chiqueiro
Ai eu fiquei admirado
Das pinga que eles bebero

Pegaro galinha preta
Muitas velas acendero
Falaro tanta bobage
Que só eles entendero

Corumbi, Corumbá
Tira fogo lhe bombeiro
Ai no timbéque do timbaque
Lá se foi o meu dinheiro

Eu saí pra ir embora
Veio o chefe do terreiro
Mando eu falar com a moça
E meu corpo eles benzero

Eu cheguei na casa dela
Fui falar com o fazendeiro
Ai nesse dia apanhei tanto
Iguár couro de pandeiro

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-Sp)