Iago: Eu não sei do que você tá falando Belisa: Sabe sim! E agora eu sei também. Não é o forte do amigo de vocês guardar segredos, mas ele é um ótimo cúmplice. Assim como você é um ótimo ator, Florípio era um ótimo criado... Todo mundo nessa história é bom em alguma coisa. Todo mundo tem um talento, um dom... Menos eu. Eu que não sirvo pra nada. Tão desengonçada, tão inútil, tão descartável
Eu sempre fui assim, o fracasso em pessoa A chacota, o problema, a decepção Eu tropeço, eu caio eu quebro Até meu próprio coração
Eu nunca atendi as expectativas Tão errada, imperfeita, fora do lugar Eu acreditei nas histórias Mas agora eu que vou contar
Um desastre é o que eu sou Só desastres eu fiz Tantos desastres vou fazer Mas agora não vai mais ser sem querer
Pirulito: O plano é o seguinte: você vai precisar confiar em mim
Belisa Eu não contava que era assim que tudo ia terminar Mas um amigo me ensinou: nem tudo a gente pode controlar A casa pega fogo, não deixa nem sinal E ninguém acode a pobre Leila que nunca mereceu esse final
Iago: Leila? O que tem a Leila? O que você quer dizer com essas coisas? Belisa: Essas coisas? Acontecem. Lenços caem, pessoas morrem, anéis se quebram, casas pegam fogo Iago: O que você fez, Belisa? Belisa: Dói, não dói? Assistir alguém pagar um preço injusto e não poder fazer nada
Florípio Pois ninguém quer saber, quem merece o que tem E quem vai lembrar de um criado? Ninguém, ninguém!
Pirulito Se eu não posso te ter, viver já não é sorte Eu prefiro ter nada, a saída é a morte
Belisa Eu sempre fui assim: ingênua, enganável Por isso não tem culpa se olho pra trás Meu pai, pelo visto, tinha toda razão Até Deus duvida do que eu sou capaz
O problema não é mais ser amada Agora eu que sou incapaz de amar Eu acreditei nas histórias Mas agora eu que vou contar
Belisa Um desastre é o que eu sou Só desastres eu fiz Tantos desastres vou fazer Mas agora não vai mais ser sem querer
Cirandeiros E quem pensou que era assim que tudo ia terminar? A história avisou lá atrás que não adiantava rezar A casa pega fogo, não deixa nem sinal No escuro a Lua assiste e ilumina o desastre final
Florípio Pois ninguém quer saber, quem merece o que tem Pirulito Se eu não posso te ter, é melhor ter ninguém!
Iago Eu preciso chegar, eu preciso ser forte Belisa Sou eu quem vai contar, a história é a morte
Um desastre é o que eu sou Florípio Pois ninguém quer saber Belisa Só desastres eu fiz Pirulito Se não pode te ter Belisa Tantos desastres vou fazer Iago É preciso ser forte Belisa Mas agora não vai mais ser sem querer Anciã Não vai mais ser sem querer Belisa Mas agora não vai mais ser sem querer Anciã Não vai mais, não vai mais Belisa Não vai mais ser sem querer