Já faz anos eu que vivo em sua ausência Mas eu não consigo matar esta saudade Olho o céu e vejo a cor dos seus olhos Azul claro como o sol da meia tarde
Na geada lembro a cor dos seus cabelos Num trovão lembro sua força de vontade Pois trabalhava como se morresse nunca E aquela terra fosse sua eternidade
De segunda à sexta-feira na enxada Como um trator ele cultivava a terra Ainda ouço em meio aos gritos dos bugios Aquele berro ecoando lá na serra
Mais alegria vinha no fim de semana Ao encilhar a tordilha manga larga Aí meu amigo ele juntava um pessuelo E pé na estrada rumo ao campo na invernada
Lá chegando era sozinho o Zezinho Sem medo de nada ele lidava com o gado E não adiantava tentarem ajudá-lo Pois a criação só seguia seu chamado
Hoje com muita alegria eu também sou papai E o céu azul aqui novamente ficou Pois não há no mundo maior felicidade Que ter um filho com os olhos do avô
E neste céu hoje vejo meu pai Zezinho Um ranchinho, um fogo de chão A esperar sua parceira sem pressa Para tomar o seu amargo chimarrão
Meu Deus não esqueça o meu bom Velhinho Que um dia com vocês quero encontrar Subir a Serra que subiu meu pai Zezinho E com minha família no ranchinho ir morar