Já não me estresso com o ruído de um motor Se aumentam o volume do televisor Se enquanto eu canto você conta Se deito e você se levanta Já não me espanta qualquer filme de terror
Enquanto leio pensamentos de Foucault Você enterra os olhos no computador Essa canção se espalha pelas ruas Entre os que buscam no clarão das luas Outra maneira de curar tamanha dor
Eu plantei meus fícus Escrevi meu livro Eu já tenho um filho, meu amor Tudo é passagem Fiz minha viagem Eu vou indo e na volta eu vou
Já não me irrita uma canção que é só tambor Se em vez de abajur preferem refletor Ou vendem ilusões de luz neon Se poucos leem o Drummond Se a tolice insiste liga o reator
Nem o silêncio dos gurus adiantou A natureza está mostrando o seu tumor Quando ela grita eclodem seus vulcões Seu choro inunda civilizações Não tem senhor, não há remédio seu doutor
Vejo cataclismos Rescindirem sismos Quanta indiferença meu amor Sobra incompetência Tanta imprudência O poder não tem nenhum pudor