Xará
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Olha Pros Neguinho

Xará


[Xará]
Cada boné um sanatório, cada passo uma provação
Um dia o homem corrompeu, inventaram Deus, perdão
O povo entorpeceu, alguns não
E nisso se formaram clãs, homens de visão
Hoje é tudo revirado, igual a 11 de setembro
As mochilas carregando os caras a favor do vento
O valor de cada tarde era estar junto com os parceiros
Mas dito por um deles mesmos, alguns se perderam
Minha mina vê vitrine e encarte quase o mês inteiro
Meu filho quer videogame, eu quero dinheiro
ócio pra compor em meio aos de alma ruim
Eles vivem no limpo e eu escuto eles mesmo assim
Vou sanar todos os males do espírito
Deixar pro inimigo as paranoias ao fim do cão satírico
Que eles levem pra chopada dos seus pesares
é triste, os líderes aqui se formam em bares

[refrão]
(olha pros neguinho)
Se amontoando em fila sem voz no mundão
(olha pros neguinho)
Que vão, à espera de um milagre sob um céu sem visão

(olha pros neguinho)
Oferecendo a alma e arquitetando as tramas
(olha pros neguinho)
Que tão se matando igual há vinte anos atrás por
Mulher e fama

[xará]
O vaso tá rachado mas de longe tá perfeito
Tardes de verão no divã e não dá jeito
Ser humano em crise, na festa compra mil em pó
Em noites de sodoma com as "tapu", mundo só
As minas tipo talibã, querendo dior
Sabatina, luz, coroa, os frascos cada vez menor
E a inveja comanda a horda, alheia ao que tá lá fora
A lei seca, os illuminati, a "coleti" que vivo agora
Vi meu parceiro a setenta bater de frente
é foda, juventude no auge num acidente
Cê vê ir tudo por terra, o que que sobrou no fim
Tristeza e uma vida em guerra é o que eu não quero pra mim
As vozes tão na tv, calado eu vou sufocar
Sonhando eu criei um monstro fadado a se sustentar
E por que que eu fiquei assim, eu vejo o que ninguém vê
O Rick Ross mostrou, agora os caras quer ter

[refrão]
(olha pros neguinho)
Se amontoando em fila sem voz no mundão
(olha pros neguinho)
Que vão, à espera de um milagre sob um céu sem visão

(olha pros neguinho)
Oferecendo a alma e arquitetando as tramas
(olha pros neguinho)

[emicida]
"aí... Cê sabe onde o rap nasce?
Eu sei.
Cê já sentiu todo o peso do mundo em uma caneta?
Eu já, mano.
Cê conhece o coração triste e esperançoso desses menino aí?
Eu conheço.
E eu sei que o coração deles, mano, não merece nada
Menos que o paraíso, mano. E quando eu falo de
Paraíso, eu quero dizer o paraíso em vida. Tá ligado,
Tio?"

Isso não é sobre usar grillz, é sobre não usar
Grilhões
Salve, castro alves, nós é voz das legiões
Aliado, cê tá ligado
Não é fácil chamar de senhor quem parece seu
Empregado
Mestrão, pra esse serão dei minha vida
Tendo ou não, fiz o brinde valer mais que a bebida
Dez anos eu colei aqui e todo mundo riu
Hoje sou a piada mais sem graça que esses bicos já
Viu
Com dor no coração, as almas sem luz flerta
E aponta quem se vendeu rezando pra receber uma
Oferta
Saí de perto, jão, pra nem me associar
Se eles é fãs da depressão eu sou Jorge da capadócia
Convidativo igual sorriso de puta, tá lá
Vi subir os castelos de areia à beira-mar
Nem me envolvi, ainda avisei
Já que o rei não vai virar humilde...
(hahahahahahahaha)

[refrão]
(olha pros neguinho)
Se amontoando em fila sem voz no mundão
(olha pros neguinho)
Que vão, à espera de um milagre sob um céu sem visão

(olha pros neguinho)
Oferecendo a alma e arquitetando as tramas
(olha pros neguinho)
Que tão se matando igual há vinte anos atrás por
Mulher e fama

(olha pros neguinho)
Se amontoando em fila sem voz no mundão
(olha pros neguinho)
Que vão, à espera de um milagre sob um céu sem visão

(olha pros neguinho)
Oferecendo a alma e arquitetando as tramas
(olha pros neguinho)
Que tão se matando igual há vinte anos atrás por
Mulher e fama

Compositor: Xará / Emicida

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